A dona de casa, Salete Paese, 52 anos, nasceu e criou raízes no bairro Vinosul. Os avós maternos, Ângelo Lanfredi, que faleceu com 97, e a avó Hercília Lanfredi, falecida aos 84, foram os responsáveis pelo início da história familiar no local. Passados alguns anos, a localidade evolui, mas ainda carece de atenção em alguns aspectos.

Todas as gerações da família de Salete, vindas depois, também decidiram permanecer lá. Inclusive, a maioria segue morando na mesma residência. Hoje, Salete mora a mãe, Cida Cristófoli, 76 anos e o filho Gabriel, 21. Ainda no mesmo bairro, na casa ao lado, mora o irmão, que também optou por continuar lá. A outra irmã tem a residência próxima.

Como se criou no Vinosul, Salete acompanhou de perto o crescimento dos últimos anos. “Antigamente era bem tranquilo. Agora, a gente não conhece mais ninguém. Tem ruas que nem sei quem mora. Antes, dava para contar o número de famílias, tinha no máximo quarenta, agora deve ter umas 200”, estima.

Falta de transporte público

Com a expansão, algumas dificuldades surgiram. Entre elas, a necessidade de mais horários de transporte público para atender a demanda. “De manhã tem às 7h30mim e depois só às 13h. Para voltar, só tem às 10h30min, 16h30min e 18h”, queixa-se.

De acordo com a moradora, aos poucos, foram sendo retiradas as linhas que tinham. “Isso já vinha acontecendo antes da pandemia. Nunca tivemos um horário intermediário, que vai às 9h para o centro, por exemplo. Às 7h30min. é muito cedo. Como aqui está crescendo, tem bastante moradores, então tem que ter mais opções. Isso está deixando a desejar no bairro”, lamenta.

Salete Paese reclama que o transporte público não acompanha a demanda de usuários

Salete reclama que o ônibus que passava ao meio dia, também já não passa mais. “Tiraram e não voltou mais. Só tem as 7h30min, mas e quem começa a trabalhar antes? Tem pessoas que não precisam, mas sempre tem quem depende do transporte. Seria bom um ônibus que fosse para a cidade às 9h ou 9h30min”, ressalta.

Mais atenção do poder público

O aposentado Luiz Antônio Martini, 80 anos, mora há mais de cinco décadas no Vinosul. “Escolhi residir aqui por questão de conveniência, porque havia uma fábrica, uma indústria de bebidas. Como fui convidado para trabalhar nela, me instalei por aqui”, relata.

Aposentado Luiz Antônio acredita que governantes deveriam dar mais atenção ao bairro

Martini acredita o local, por ser considerado a porta do Vale dos Vinhedos, cartão postal da cidade, merece ganhar mais atenção dos governantes. “Da entrada até o quilômetro 16, a rua está totalmente abandonada, não tem iluminação nem passeio, está puro mato”, reclama.

O morador queixa-se da falta de acostamento na Estrada do Vinho. “Eles (prefeitura) não têm coragem de fazer o acostamento com a desculpa de que o Estado não deixa. Aqui é perímetro urbano, quem manda é o prefeito, portanto, ele poderia fazer sim. Os turistas de outros países que vem aqui, não acreditam, tamanho é o abandono dessa via”, lamenta.

Outra queixa do aposentado é quanto a iluminação. “É péssima, tem lâmpadas aqui que não acendem nunca. Isso aqui não é lâmpada para Vale dos Vinhedos, nem para vila. O bairro está totalmente abandonado”, afirma.

Por ser considerado a porta de entrada do Vale dos Vinhedos, moradores pedem mais atenção ao bairro

Falta de policiamento

O casal de aposentados, João Rubim Machado, 74 anos e Vera Lucia Veríssimo Machado, 64, moram no Vinosul há quase 30. Ambos gostam do local que escolheram para passar a vida. “O bairro é bom, calmo, não tem muito agito”, afirma Machado.

Casal João e Vera Lucia afirma que há pouca presença policial no local

Contudo, o morador percebe que o local pode evoluir. “Tem muita coisa que poderia melhorar”, afirma. Uma das reivindicações é quanto a segurança. “Antes, tinha o policiamento comunitário, que de vez em quando passava, mas não vejo mais. Não sei se terminou, mas agora a gente não vê”, aponta.

O casal já foi alvo de assaltantes duas vezes, assim como os demais vizinhos. “Na casa da frente também entraram, roubaram os passarinhos do vizinho. Em outra casa próxima, também entraram, daí colocaram uma proteção de arame. Faz tempo que a gente não vê a polícia passar”, conta.