Dentro de um piquete de madeira construído especialmente para o Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre, um grupo assiste a uma palestra que une tradicionalismo, música e a formação cultural do Rio Grande do Sul. O convidado ilustre é Carlos Paixão Côrtes, que, ao lado de um típico fogão à lenha, fala com naturalidade sobre as nossas tradições, danças e costumes. Afinal, essa história ele aprendeu em casa. 

“Sou o porta-voz. Estou aqui para propagar a mensagem do meu pai”, conta o filho do folclorista Paixão Côrtes, que morreu em 2018, aos 91 anos. Nascido em Santana do Livramento, ele é conhecido por muitos como o homem que serviu de inspiração para a Estátua do Laçador.

“Ele não foi na inauguração, em 1958, porque nunca quis ser visto com o único símbolo do tradicionalismo. Inclusive, a primeira foto que ele tirou ao lado da estátua foi essa aqui, vinte anos depois”, revela o filho.

O fato é que, junto a outros entusiastas, como Barbosa Lessa, Paixão Côrtes dedicou uma vida inteira às pesquisas sobre a nossa formação cultural, um resgate que serviu como base a algumas das mais importantes expressões culturais adotadas no Estado. São pelo menos oito discos e 12 livros publicados. “Em Porto Alegre, por exemplo, era feio usar uma bombacha”, lembra Carlos.

“O Paixão Côrtes foi a pessoa que iniciou o movimento organizado. Lá em 1947, quando ele tira a primeira centelha da Pira da Pátria, acaba criando a Chama Crioula. A partir disso começa tudo o que conhecemos hoje, como a fundação do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG)”, ressalta Carolina Lucas, coordenadora dos projetos culturais do Acampamento Farroupilha.

A Semana Farroupilha foi oficialmente aberta na manhã de sábado, dia 14 de setembro, quando o governador em exercício, Ranolfo Vieira Júnior, recebeu a Chama Crioula e acendeu o candeeiro no Palácio Piratini.

A cerimônia foi acompanhada por cerca de 20 cavalarianos, que cumpriram fielmente o rito de carregar a centelha por 462 quilômetros entre Tenente Portela, no noroeste do Estado, e a capital. O ato ocorre desde 1947, espalhando a Chama Crioula pelas 30 regiões tradicionalistas do Rio Grande do Sul.

Fonte: Ascom Governo do Estado