Durante quase dois meses foram 18 itinerários e centenas de conversas para gerar um relatório que será entregue à Secretaria de Mobilidade Urbana

Sentir na pele as dificuldades vivenciadas pelos usuários do transporte coletivo urbano de Bento Gonçalves foi um dos principais objetivos do presidente da Câmara de Vereadores do Município, Rafael Pasqualotto, durante os últimos dois meses, nos mais variados horários e roteiros. Pasqualotto e integrantes do seu gabinete saíram nas madrugadas, foram aos distritos, aos bairros mais distantes, e andando nos ônibus das empresas que servem o transporte coletivo urbano, conversou com centenas de pessoas que apresentaram suas angústias diante da falta de opções, da falta de abrigos, dos horários escassos, entre outros problemas.

Foram 18 itinerários do centro aos bairros e vice-versa, além de três distritos: Faria Lemos, São Pedro e Vale dos Vinhedos. “Eu poderia ter feito 20, 30 viagens, mas estas que eu fiz servem de amostragem e, tenho certeza que se fizesse outras 20 viagens seria semelhante o pedido das pessoas”, conta o Vereador, que compilou todas as informações, por viagem, num documento, que será entregue à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana para encontrar soluções e melhorias.

Conforme Pasqualotto, existe no transporte municipal algo que ele chama de “AP e DP”, traduzido em antes e depois da pandemia. “As concessionárias tiveram prejuízos muito grandes. Em virtude disso, tiveram que enxugar itinerários, mão-de-obra, toda a estrutura, só que, na ponta, quem acabou sofrendo, foi a população que depende do transporte público municipal. E durante todos esses dias em que eu estive acompanhando, foi justamente o que eu ouvi: que diminuiu bastante os itinerários, principalmente à noite e nos fins de semana, que as paradas estão precárias ou inexistentes”, ressalta.

Um exemplo utilizado pelo Vereador é o do Distrito de Faria Lemos. O último ônibus que sai de Bento Gonçalves em direção à localidade é no horário das 15h45min. “Se você pegou o ônibus, pegou. Se não pegou, vai ter que ir de táxi ou transporte por aplicativo, que até lá, custa em média R$ 40. Isso inviabiliza para o trabalhador o deslocamento. Ele vai ter que pagar para trabalhar”, diz.

Ainda de acordo com relatos de Pasqualotto, no domingo os ônibus são quase inexistentes e, à noite, há menos ainda. Essa foi uma das questões levantadas pelo vereador. “Se quisermos mobilizar, incentivar o turismo no centro e nas nossas feiras é muito necessário que o cidadão tenha transporte disponível. Não estou pensando na realidade das pessoas que têm carro, moto, mas na das pessoas que dependem desse deslocamento”, afirma.

No documento que está sendo elaborado, Pasqualotto apresenta algumas sugestões de melhorias, sempre no intuito de construir. “Hoje nós temos um Conselho Municipal de Mobilidade, nós temos a Secretaria Municipal de Mobilidade e as concessionárias. Sempre que recebemos uma solicitação da população nem sabemos a quem encaminhar, por isso que entrei também nos ônibus para entender melhor a realidade”, destaca.

A atual concessão do transporte coletivo para Bento Gonçalves, segundo o portal da Prefeitura, vence em três de julho de 2023, porém, ainda não há uma nova licitação marcada, o que proporciona ao município a realização de um aditivo no contrato vigente.

Solicitações do vereador

  • Realização de um estudo por parte do Poder Público para a viabilidade de subsidiar parte da passagem, a fim de baratear os custos para os usuários;
  • Melhorias nas principais paradas de ônibus do centro, principalmente no terminal da Praça Centenário, fomentada através da outorga constante em Lei, aprovada pela Câmara em 2022;
  • Implantação de paradas de ônibus nos principais pontos de coleta de passageiros nos bairros;
  • Remanejo de itinerários, retirando roteiros em que há menor demanda e alocando para horários de pico e à noite;
  • Ofertar mais itinerários para os distritos, especialmente no fim da tarde ou início da noite;
  • Elaboração de um Edital de transporte público priorizando a qualidade técnica dos serviços a serem prestados e não somente o valor;
  • Criação de um aplicativo de transporte público urbano, para facilitar a informação para o cidadão.

Texto: Mônica Rachele

Fotos: Divulgação