A SulAmerica divulgou um levantamento demonstrando que houve um salto de 74% no número de medicamentos antidepressivos comercializados no Brasil de 2010 a 2016. A prevalência de venda se concentra entre mulheres e pessoas com mais de 50 anos. Em encontro aos dados, a Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstrou, através de uma pesquisa, que a população brasileira é a mais deprimida da América Latina.

Atualmente, os antidepressivos ocupam o segundo lugar na lista dos medicamentos mais vendidos. Em primeiro vem os analgésicos e, em terceiro, os ansiolíticos. No período da pesquisa da SulAmerica, a venda de medicamentos contra ansiedade cresceu 110%.

A questão também pode estar relacionada diretamente com a crise econômica, uma vez que as pessoas ficam mais propensas à depressão em momentos de dificuldade financeira. Esse é o caso da jornalista Tiele Abreu, de 28 anos, que necessitou por muitos anos de acompanhamento psiquiátrico e sente que os medicamentos são necessários para manter uma vida tranquila.

Ela conta que a a crise e o desemprego acabam influenciando na sua saúde, uma vez que não consegue manter uma rotina de tratamento pelos custos elevados e, também, se torna mais difícil comprar medicamentos. “Ainda, em algumas ocasiões, como tomada de decisões e medo, que são frequentes em quem tem depressão ou sofre com ansiedade, eu sinto que precisaria do medicamento para me sentir um pouco mais tranquila. Quando ocorre este tipo de situação e, consigo alguma receita, eu acabo comprando”, relata.

Além disso, Tiele comenta que o custo de manter o acompanhamento de profissionais especializados, sem plano de saúde, é elevado. “Conseguia fazer terapia pela empresa, a consulta particular era fora do meu orçamento”, comenta.

Para se manter com saúde na crise

Como Tiele ficou desempregada, ela precisou se adaptar à nova realidade financeira, de crise, sem gastos elevados com tratamentos e psiquiatra. Ela conta que teve de mudar seu estilo de vida. “Divido aluguel e as despesas básicas, mas não é fácil de aceitar que com a perda de emprego muitas coisas podem mudar. Precisamos nos adaptar à atual realidade”, afirma.

Em função da questão financeira, Tiele pontua que precisou mudar seus hábitos e buscar tratamentos alternativos à depressão. “Desde o final do ano estou desempregada e optei por não ficar com o plano de saúde então, não estou tomando medicamentos controlados. Porém, descobri uma maneira de controlar a ansiedade com a ajuda de fitoterápicos, exercícios físicos, meditação e mudança de hábitos alimentares”, conta.