Como se não bastasse os escândalos diários divulgados pela “grande imprensa”, envolvendo políticos ligados umbilicalmente ao “novo” governo federal, a Câmara dos Deputados, para não ficar para trás, resolveu, com muitos de seus indefectíveis membros, chamar a atenção da população. Sim, daquela parte da população que se interessa um tiquinho pelo que acontece a mais de um palmo de seu nariz. O ministério público federal, querendo estabelecer normas legais para evitar as tradicionais manobras que corruptos, de todas as cores partidárias e de vários setores da sociedade, se valem para postergar ou obstruir as investigações e penalidades, colheu mais de dois milhões de assinaturas e enviou um projeto de lei. Dez diretrizes básicas estavam no seu bojo. Aí, depois de enrolações, o projeto passou a tramitar.

Vai passar? II
Bem, aí a tal de comissão encarregada de analisar, relatar e disponibilizar ao Plenário da Câmara dos Deputados o projeto de lei, começou a ter percalços. Aqueles característicos de políticos que querem se livrar de possíveis problemas futuros. Na madrugada de quarta para quinta-feira a comissão aprovou um texto que, claro, não era o que havia originalmente. A grande pergunta, agora é: o projeto vai passar pelas votações da Câmara e do Senado, sem ser “ajeitado” pelos parlamentares (dizem que há uns 200) com o pé preso? Eu penso que não. Há antecedentes, notadamente a Constituição de 1988, feita sob peso e medida para permitir a impunidade de delinquentes de colarinho branco e, até mesmo, de bandidos comuns. Aposto um cafezinho que o texto será modificado, visando “poupar” alguns malfeitores do Congresso Nacional. Querem porque querem anistiar os corruptos e corruptores do “caixa 2”, lavagem de dinheiro e crimes eleitorais. Pode isso, Arnaldo? No Brasil, pode!

E os do governo?
Que coisa! O governo (?) Michel Temer tem poucos meses de gestão e já apresentou vários ministros e outros membros envolvidos em coisas pouco ou nada republicanas. O mais recente foi o ministro Geddel Vieira Lima, unha e carne com Temer e Jucá (outra figurinha carimbada). Pois, para surpresa de muitos, eis que Temer leva o cara para “compadre” e o mantem no ministério, mesmo diante de notório tráfico de influência. Geddel foi aliado de Antônio Carlos Magalhães, Lula e Dilma. Envolvido no caso dos “Anões do Orçamento” em 1993, essa peça comum do tabuleiro político brasileiro, da mesma forma que Romero Jucá e outros, está blindado pelo governo e pelos partidos que formam sua base aliada. Mas, eis que Geddel criou um pouco de vergonha na cara e pediu demissão. Como se constata, mudaram as moscas, mas a merda continua a mesma.

O povo pagará, como sempre!
E o governo Sartori enviou para a Assembleia Legislativa o que foi chamado de “PACOTAÇO”, mais conhecido como “pacote de maldades”. “Noventa e nove vírgula” cem por cento da população ainda não tem noção do que está por vir. Sartori, que não cumpriu as promessas de campanha, agora quebra mais uma. Claro que muitas coisas do “pacotaço” já deveriam ter sido feitas há muito tempo. Aliás, nem deveriam ter surgido coisas como “licença prêmio” e “abono por tempo de serviço” para que tem estabilidade no emprego. Mas, certamente algumas classes, pelo seu poder de mobilização, farão de tudo para evitar a perda de privilégios. Já a população, que está pagando essa conta, assistirá a tudo bovinamente, como sempre. É esperar para ver.