Chegar à terceira idade pode, para alguns, parecer um momento de dizer adeus ao trabalho, ao compromisso e às obrigações. Para essas pessoas pode também consistir em passar o dia de pernas para o ar, ou aproveitando para jogar carta com os amigos. Uma ideia e tanto não é mesmo? Menos para o aposentado Ivo Tecchio, que depois de longos e árduos anos de trabalho como caminhoneiro e pedreiro, atualmente aproveita para cuidar de sua maior paixão: uma horta localizada nos fundos de sua casa.
Com pés de kiwi, abóbora, tomate, banana, laranja, bergamota e mais uma variedade de especiarias, Tecchio tira o dia para cuidar da mulher e da área verde e orgânica da família. “Comecei com cinco anos a ajudar meu pai na colônia, pois eu era o filho mais velho e com isso fui pegando o gosto. Não tirei meu sustento na agricultura depois de adulto, mas sempre mantive como hobby”, garante o aposentado.

A produção de Tecchio é totalmente orgânica e segundo ele, o amor é o segredo para que as flores e frutos cresçam bonitos e saudáveis. “Todos os dias de manhã eu abro a janela e digo bom dia para minhas plantas. Logo depois venho até elas e dou todo cuidado que merecem. Gosto de passar o dia em meio ao verde e de mexer na terra. Aqui me sinto leve”, diz.

A filha Sídia começou a fazer enologia e para ajudar, o pai iniciou uma produção de uvas. “Se temos esse espaço em que são cultivadas tantas variedades de alimentos, por que não ajudaria minha filha que quer aprender na prática como cuidar das uvas?”, questiona.

Engana-se quem pensa que Tecchio colhe o que planta e vende pela vizinhança. “Algumas eu guardo no freezer para consumir durante o ano, mas a quantidade é tão grande que eu acabaria perdendo, então quando algum familiar ou vizinho vem aqui em casa eu já coloco dentro de uma sacola para doar. Se Deus me deu, por que não vou retribuir dando a eles também? É satisfatório”, observa.

Ele garante ainda que é possível que outras pessoas sigam seu exemplo e produzam alimentos sem conservantes em casa. “Alguns dizem que é muito difícil. Não é fácil, não se faz sozinho, é preciso muito carinho, mas com paciência e muita força de vontade é possível pôr na mesa de casa um alimento saudável”, diz Tecchio.

Para que os frutos sejam polinizados adequadamente, o aposentado possui três caixas de abelha. “É lindo de ver na primavera elas dançando em volta das flores para polinizar, mas quando precisa faço manualmente também. A atenção com as plantas é o que me move. Depois da minha esposa, elas são o meu grande amor”, finaliza.

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