Campos de refugiados com pouca infraestrutura, taxas de mortalidade infantil elevadas, homens armados a cada esquina, bombardeios, racionamento de alimentos e extremismo. Foi este o cenário que Rosana Buffon encontrou, quando decidiu largar todo o conforto que tinha para embarcar em uma nova missão, com o objetivo de ajudar a população que vive em países de extrema pobreza. Em março deste ano, a médica bento-gonçalvense terminou sua missão no programa Médicos Sem Fronteiras (MSF) e, de volta para seu lar, ela conta um pouco da experiência na África e no Oriente Médio.

Rosana nasceu em Bento e formou-se em medicina pela UFCSPA, de Porto Alegre, em 2002. Aos 30 anos, depois de trabalhar por três anos em Bento Gonçalves, ela decidiu se mudar para a Itália. “Chegou um dia em que o ambiente familiar, o sotaque gringo, o ar puro da colônia, a rotina médica e as festas faziam parte de um mundo pequeno e sufocante. Em um mês estava em Milão, sentada em um auditório com outros estrangeiros candidatos ao processo de reconhecimento do diploma médico. Me senti pequena, e desde então meu mundo começou a ficar cada vez maior”, lembra.

Após conseguir estabilidade no novo país, a médica decidiu abandonar tudo para se candidatar no MSF. O programa consiste em uma organização humanitária internacional independente e comprometida em levar ajuda às pessoas que precisam, sem discriminação de raça, religião ou convicções políticas. A organização foi criada em 1971, na França, por jovens médicos e jornalistas, que atuaram como voluntários no fim dos anos 60 em Biafra, na Nigéria.

O que motivou Rosana para o desafio, conforme ela lembra, foi o desejo de voltar a sua essência. “Eu queria de volta meus pacientes, as doenças, a adrenalina das emergências. Pedi demissão do meu trabalho ‘perfeito’, entreguei uma bela casa alugada na região dos Pré-Alpes Trevisanos, encaixotei tudo, deixei num galpão de uma família de amigos e fui a Roma fazer uma entrevista com o Médicos Sem Fronteiras”, relata.

Uma semana após, ela recebeu a ligação do coordenador médico que dizia que seu perfil se adaptava ao MSF e, em poucos dias, Rosana já tinha uma nova missão: trabalhar como médica num campo de refugiados no Sudão do Sul, país mais jovem do mundo.

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário desta quarta-feira, 04 de novembro.