Passo a passo, ao longo de 125 quilômetros, três jovens, residentes em Porto Alegre decidiram aventurar-se pelas rodovias do Rio Grande do Sul. No entanto, a caminhada difere das que se está acostumado a ver por aí. Principalmente, porque nesse trajeto, Iago Surreaux, 22 anos, Diego Buchholz e Gabriel Peres, ambos 21, estudantes do curso de Psicologia na PUCRS, utilizam apenas a força de vontade. Não carregam alimentos, tampouco, cobertores, colchões e barracas. A iniciativa, segundo os jovens é aproximar-se de realidades diferentes das que estão acostumados a viver nas grandes metrópoles, como Porto Alegre, cidade onde residem. Esta será a terceira longa viagem a pé.

A caminhada teve início na sexta-feira, 15 e, segundo Surreax, promete momentos únicos que só poderão ser experimentados por quem vivencia a experiência. “Já havíamos realizado caminhadas até Capão da Canoa e Gramado, em 2016 e 2017. Ambas foram muito positivas e cada uma com suas peculiaridades e ensinamentos”, afirma. O estudante explica que a ideia de fazer o trajeto Porto Alegre – Bento Gonçalves a pé partiu após a caminhada para Gramado. “Estávamos próximos a Nova Petrópolis, passamos por um placa que indicava a direção dos Vinhedos e concordamos que Bento Gonçalves poderia ser o nosso destino na próxima aventura”, pontua. A partir daí, a ideia ganhou força e o trio manteve a vontade.

Jovens saíram de Porto Alegre na sexta-feira, 15, por volta das 11h. Foto: Arquivo Pessoal

Questionado sobre os perigos que um trajeto longo por rodovias, muitas vezes mal sinalizadas e até mesmo pela falta de segurança, Surreax garante que o risco é natural, em todos os sentidos, entre eles, por não estarem levando comida, dinheiro ou barracas ou terem algum local seguro e confortável para dormir. No entanto, ele garante que os momentos valem a pena. “Numa oportunidade, conseguimos quartos gratuitos em pousadas, simplesmente porque os donos se solidarizaram”, ressalta.

Jornada com objetivos especiais

Para cada um dos jovens aventureiros, a jornada tem diferentes objetivos pessoais. No entanto, ambos acreditam que, de modo geral, a ação tira-os de uma zona de conforto vivida diariamente, principalmente para os três, que sempre tiveram uma condição de vida alta, desde os períodos escolares até na universidade. “Queremos nos aproximar das realidades que não são próximas da nossa, mas que ainda assim tem muito a ensinar, pois é muito fácil sentir-se bem no conforto da rotina”, garante Surreax.

Para o líder do grupo, as cidades do interior tem a característica de acolher melhor as pessoas. Segundo Surreax, nas metrópoles, as pessoas são mais estressadas, não interagem umas com as outras e pensam mais nos compromissos do que nos outros. “A vida no interior parece ser mais calma, pois tem menos estímulos e poluições sonoras, tanto do urbanismo, como do trânsito”, acredita.

Além disso, os rapazes esperam que a viagem possa render-lhes muitas histórias e assim, buscar a inteiração e o sentimento de ajuda mútua. “Estender a mão está cada vez mais em baixa. É comum ver as pessoas fazendo algo para serem retribuídas depois. A boa vontade, generosidade genuína tem se perdido um pouco e é uma sensação muito boa ver as pessoas nos ajudando por vontade própria”, ressalta Surreax. Segundo ele, durante as viagens realizadas sempre que alguém os oferecia comida ou pouso, em troca, os jovens ofereciam o pagamento através de trabalho. Porém, garantem que nunca precisaram trabalhar, pois as famílias ofereciam ajuda sem cobranças.

A viagem tem dia para encerrar: segunda-feira, 18, sem horário definido. Os três rapazes não ficarão muito tempo na Capital do Vinho. Ambos têm o desejo de conhecer mais o Vale dos Vinhedos, porém, deixarão a oportunidade para uma próxima vez.