Depois de uma série de adiamentos, o Ministério dos Transportes realiza, na próxima segunda-feira, 6, a tão esperada audiência pública em Caxias do Sul para debater a viabilidade da reativação do trem regional. Até o início da semana, uma consulta pública sobre os estudos de viabilidade econômico-financeira da linha que liga Bento Gonçalves a Caxias do Sul, passando por Garibaldi, Farroupilha e Carlos Barbosa recolheu sugestões ao projeto original.

De acordo com o estudo disponibilizado no site do Ministério dos Transportes, o trajeto vai ligar as cidades de Caxias, Farroupilha, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa e Garibaldi, em um trecho de 60km que poderá aproveitar os trechos da antiga ferrovia de cargas existente, que deverá ser adequado para o transporte de passageiros em trens de média velocidade. Os projetos preveem a operação dos trens pela iniciativa privada, por meio de Parcerias Público-Privadas (PPP) ou concessões, com tarifas que concorram com as do transporte rodoviário de passageiros, a fim de desafogar as rodovias.

Os estudos realizados foram desenvolvidos pelo Laboratório de Transporte e Logística (Labtrans) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A disponibilização das conclusões do estudo estava cercada por uma grande expectativa, uma vez que a região foi a primeira a concluir os estudos, que apresentam o cenário atual e apontam a possibilidade e sustentabilidade da implantação do projeto. Após o período para o recebimento de sugestões, o estudo foi reencaminhado ao laboratório e, só agora, começam a ser desencadeadas as audiências públicas.

A audiência que será realizada em Caxias do Sul na próxima semana, deverá ocorrer na Câmara de Vereadores de Caxias, a partir das 8h30min, e, entre as definições que são esperadas a partir da audiência, uma está garantida: o estudo de implantação do trem, contratado pelo Ministério dos Transportes e desenvolvido pelo Laboratório de Trânsito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), concluiu pela viabilidade técnica-econômica do projeto que prevê a reativação do transporte ferroviário de passageiros entre os municípios serranos.

Mas, mesmo que o ministério trabalhe com uma expectativa para que, em três anos, o trem esteja em pleno funcionamento, as questões que ainda permanecem em aberto são fundamentais: a definição do trecho e do modelo de exploração e de onde sairão os recursos para a construção da ferrovia são algumas delas. Além disso, será preciso debater também a viabilidade de um modal ferroviário para o transporte de cargas. Sem ele, a ferrovia ficará restrita ao transporte de passageiros, o que muitos acreditam que inviabilizará o projeto. Será preciso enfrentar interesses que preferem passar ao largo da necessidade do transporte de cargas, que pode revigorar a competitividade das empresas serranas, combalidas pelas carências estruturais que geram desperdício e ampliam custos de produção.

O transporte de passageiros entre os principais municípios da aglomeração urbana da Encosta Superior do Nordeste será bem-vindo, sem dúvidas, mas incentivar a ampliação da proposta para contemplar o transporte de cargas é, para os interesses macroeconômicos da região, tarefa inadiável.