Projeto de dança contemporânea com mulheres acima dos 60 anos promove intervenções urbanas nas praças da cidade

Ressignificar o envelhecimento por meio da arte e promover uma nova percepção do meio urbano são objetivos que se complementam e ganham vida com o projeto “EnvelheSendo”, criado pelas professoras de dança, Amanda Khalil Suleiman Zucco e Renata Zanchettin, e contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura.

Por meio da iniciativa, desde outubro deste ano, 17 mulheres, entre 60 e 84 anos, têm levado intervenções urbanas de dança contemporânea às praças de Bento Gonçalves.

Envelhecimento traduzido em dança

Ensaio das intervenções do “EnvelheSendo” (Foto: Divulgação)

Histórias de vida e um novo olhar sobre a velhice são características que permeiam as apresentações do “EnvelheSendo”, como explicam as idealizadoras. Segundo Amanda, a própria coreografia parte das experiências compartilhadas pelas senhoras. “Elas contam histórias de vida para o grupo. Depois disso, apresentamos propostas de como ressignificá-las em movimentos. Mas são elas que criam tudo, a gente só faz a costura para que os movimentos se interliguem e compreendam a música”, explica.

Já Renata destaca que mais que transformar as histórias em arte, a dança permite que os idosos permaneçam ativos, o que vê como essencial. “Hoje, o idoso tem mais qualidade de vida e energia, manter uma atividade assim é muito importante”, opina.

Maria Clorinda, 60, é uma das “jovens senhoras”, como ela mesmo assinala, que participa das apresentações. Apaixonada por dança, comenta que o mais interessante do projeto são as intervenções e o gênero de arte escolhido. “ É algo diferente, ainda mais para mim que conhecia só dança de salão. Estar na praça, em contato com o público e apresentando algo contemporâneo, é desafiador e divertido”, comenta. Adiciona ainda que o melhor do projeto são as amizades e a socialização.

Arte para modificar os trajetos urbanos

Mulheres do “EnvelheSendo” em intervenção na cidade (Foto: Bruno Marconi, Divulgação)

Surpreender os transeuntes para proporcionar momentos de compleição em contraponto à vida rotineira também é um dos objetivos abraçados pelo projeto. “Preferimos trabalhar com intervenção urbana em vez de algo em palco. A intenção é de que as apresentações sejam surpresa, por isso não divulgamos locais e nem datas antecipadamente”, comenta Renata. “Nem sempre quem está na rua pode ir para o teatro. A praça foi o local que achamos mais próximo das pessoas comuns, que passam por nós, na correria do dia a dia”, acrescenta Amanda.

Embora para manter a surpresa as datas e locais não sejam revelados, ainda serão realizadas três intervenções até o fim do ano.