Retomado em 1848, depois da Guerra dos Farrapos, o projeto de povoar com imigrantes as regiões do Rio Grande do Sul, ainda não incorporadas à pecuária, sofreu modificações importantes a partir de 1854, quando uma nova lei definiu a formação das Colônias. As medidas básicas continuavam sendo a Légua e o Lote Rural. A légua era uma antiga medida portuguesa de 6.600 metros quadrados de terreno, cortado por caminhos estreitos e irregulares, abertos no meio da mata e chamados TRAVESSÕES ou LINHAS. Cada légua era dividida em 132 lotes, também de tamanho variável entre 5 (cinco) e 30 (trinta) hectares, conforme a localização, as condições de acessos, água e outras.

Mas, a partir dessa lei, as terras deixaram de ser doadas aos imigrantes, passando a ser vendidas. Eram financiadas com dois anos de carência e prazo de cinco anos para pagar, estendendo-se muitas vezes esse prazo para 15 anos. O governo oferecia a possibilidade de os colonos trabalharem 15 dias por mês, na abertura de estradas, na região, em pagamento dos lotes que recebiam.

O preço da terra variava entre um a cinco réis ao metro quadrado. Após o pagamento de um terço do débito, o colono recebia um título provisório. Quando a dívida fosse integralmente quitada e comprovado que o lote habitado e cultivado, ele recebia o título definitivo. O contrato previa também o fornecimento por parte do governo de instrumentos de trabalho e sementes, mas essa assistência foi sempre incerta, nunca foi comprida. A maioria teve que se ver com as precárias ferramentas, enxada, foice, facão, que conseguiram trazer clandestinamente da Itália. Muitas vezes, por falta de um simples machado, um grupo de colonos levava semanas para limpar uma pequena área, valendo-se apenas de facões para derrubar as árvores.

Outra alteração importante foi no tamanho dos lotes rurais.

Aos primeiros imigrantes alemães, que chegaram em 1824, foram concedidas unidades com até 77 hectares. A lei provincial de 1854 limitou-se os lotes em 100 mil braças quadradas aos imigrantes italianos não ultrapassaram os 24 hectares.

Todo o processo de demarcação e organização das Colônias ficava por conta da Inspetoria Especial de Terras e Colonização, que tinha núcleos coloniais para efetuar a divisão, medição e assentamento dos colonos nas terras. Nas colônias, a Inspetoria estava representada pela Diretoria da Colônia, composta por engenheiros, agrimensores, topógrafos, desenhistas, tradutores e escriturários, responsáveis pela demarcação, divisão e distribuição dos lotes rurais.