Demorou, e como demorou. Precisamos esperar quatro anos para vermos vereadores de Bento Gonçalves serem denunciados pelo Ministério Público sobre possíveis atos de improbidade administrativa. Mais do que isso, tivemos a denúncia aceita pela justiça que, agora, irá decidir se os parlamentares acusados são culpados ou inocentes no processo. Em um país onde a corrupção e os maus exemplos imperam com uma facilidade impressionante, chega como um alento saber que algo está sendo feito em nossa cidade.

Não cabe a nós, cidadãos, julgar se os quatro vereadores têm a chamada “culpa no cartório”. Porém, o trabalho realizado pelo Ministério Público, nas pessoas dos promotores Alécio da Silveira Nogueira e Eduardo Lumertz, é digno de elogios. Afinal, buscar provas num caso desses, realmente, exige muita investigação e empenho, a fim de garantir contundência e credibilidade ao processo.

A decisão da justiça de acatar a ação proposta pelo Ministério Público, bem como determinar o bloqueio parcial de bens dos quatro parlamentares mostra que o trabalho, pelo menos até agora, foi bem feito. Claro que seria prematuro determinar, também, o afastamento dos envolvidos da Câmara. A questão aqui é vermos que o Poder Judiciário está dando uma satisfação à comunidade sobre algo que era fortemente comentado há vários anos e que tudo indicava que nada iria acontecer.

A investigação começa com muita força e com uma repercussão pública poucas vezes vista, mesmo com o processo correndo em segredo de justiça e poucas informações sejam repassadas. Agora, serão, pelo menos, dois longos anos de audiências de testemunhas, comprovação das denúncias e defesas dos acusados.

Infelizmente, em um processo delicado como este, não há como querer celeridade por parte do judiciário, sob pena de, ao invés de acelerarmos uma condenação, apurarmos uma absolvição daqueles que seriam culpados. A ânsia por justiça é grande, mas a cautela e o bom senso são fundamentais para que, no futuro, uma resposta condizente seja dada à comunidade.

Nós, o povo, precisamos é ficar atentos ao que acontece e, se for o caso, utilizar a única arma que temos para punir políticos corruptos, que é o voto. É não elegendo pessoas envolvidas em desvios de dinheiro e de conduta duvidosa que teremos uma Câmara de Vereadores, uma Prefeitura, uma Assembleia Legislativa e governos estadual e federal melhores. 

Neste momento, muitos estão comentando a conduta dos vereadores com quatro pedras na mão, mesmo sem saber se eles são realmente culpados. Mas o que estes fizeram para evitar que eles chegassem a ser eleitos, democraticamente, através do voto?  Conjugamos o verbo condenar de forma muito rápida e intempestiva. O problema é que, logo ali a frente, podemos pagar caro por termos e usarmos nossa língua afiada. O tempo dirá quem está certo ou errado, quem é culpado ou inocente. Mas é nas urnas, e somente com a força delas, que podemos fazer a diferença neste caso.