Enquanto o bairro e cidade se desenvolveram ao seu redor, a centenária Ferdinando Grasseli, uma das mais antigas entre as 61 ruas do Borgo, parece ter sido esquecida pelo tempo, tomada por buracos, lama e pedras soltas. Há mais de dez anos, as famílias que vivem no local se mobilizam para exigir a pavimentação de um trecho de menos de 100m.

Os últimos retornos do Poder Público remetem a fevereiro deste ano. No dia 4 daquele mês, em reunião com os moradores, o secretário de Obras e Viação, Lúcio Lanes, sugeriu uma parceria entre prefeitura e comunidade para a pavimentação da rua. Segundo o acordado, os moradores arcariam com os dos materiais e com a mão-de-obra, e a prefeitura ficaria a cargo dos custos de colocação do meio-fio, boca de lobo e pó de brita.

Comunidade alega descaso

Segundo uma das moradoras, Cristiane Rodrigues da Silva, 35 anos, os vizinhos esperam desde março, por um projeto de obras prometido pela secretária de Obras e Viações. “Tinham nos dito que em no máximo um mês sairia o projeto da rua e até agora estamos esperando. A gente liga, eles falam que vão vir, mas jamais voltaram”, protesta.

Além do projeto, a moradora conta que foi prometida uma reunião com o prefeito e com o secretário de Obras e Viações para a efetuação de uma contraproposta, pois o custo da pavimentação, aproximadamente R$2 mil por família, estava acima do orçamento de alguns dos moradores. “Lanes ficou de ver com o prefeito para que nos ajudem com algo mais. Somos 12 famílias aqui, e nem todas tem condição de arcar com esse valor, pois teria que ser a vista”, salienta.

Iriberto Scotti, um dos moradores que pede o calçamento da rua

O alto custo é lamentado também pelo aposentado Iriberto Scotti, 65 anos, um dos mais antigos moradores da rua. “Estão fazendo um monte de rua em vários locais, mas eu que moro aqui, há 30 anos convivo com isso. Todo mundo paga IPTU, agora querem me cobrar R$2 mil para calçar. Isso é um abuso para quem ganha R$1.500 de aposentadoria”, reclama.

Segundo ele, a única melhoria feita na via foi a instalação recente de uma boca de lobo. A obra, no entanto, não foi suficiente para solucionar os problemas da comunidade. “Esse bueiro não dá vazão, pois corre muita água da rua de cima. O porão da minha casa já ficou com um palmo de água mais de uma vez e a rua está sempre enlameada e escorregadia. Além disso, fizeram o bueiro acima do nível da valeta”, destaca. Segundo ele, o principal problema, no entanto, não está nos transtornos pela má condição da via, mas nos perigos causados pela situação. “Os carros passam e voa pedra para todo lado, já atingiu criança. Outro dia, uma grávida quase caiu”, finaliza.

Resposta da Prefeitura

Segundo a diretora adjunta do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ipurb) de Bento Gonçalves, Melissa Bertoletti, após a reunião em fevereiro, a Prefeitura fez o levantamento topográfico da via e agora está sendo realizado o projeto. Comenta ainda, que ademais da possibilidade de parceria com os moradores, a Administração já pensa em outros caminhos para dar andamento à obra, embora ainda não exista nenhum prazo para início ou conclusão. “Primeiramente devemos finalizar projeto e orçamento para termos a real noção de valor que estamos falando. Após se pode trabalhar junto a Vereadores para que busquem emendas parlamentares para esse fim ou fazer a parceria com os moradores. A previsão do início dos serviços será quando tivermos a real certeza dos recursos para destinar ao local” assinala.