Fazer o bem ao próximo está em alta, na moda, é cult. Cuidar do planeta, comprar ovos orgânicos, ter uma alimentação saudável. Fazer doações, ir visitar um asilo, exercitar-se. Tudo é válido para se redimir.

Sem muitas delongas, somos todos assim. Nos corrompemos por dinheiro, entupimos nossas veias de fast-food, jogamos lixo no chão. Compactuamos com tantos absurdos e mesmo assim vamos lá no Facebook falar sobre sustentabilidade, amor, família.

Sei que tem toda aquela história de que cada um sabe da sua vida, sabe pelo que passou, pelo que viveu. Mas tem algumas coisas que não fazem sentido nenhum, não importa de onde você veio. Respeitar pai e mãe, ser gentil, ser menos agressivo com a natureza, ter caráter. Quantas vezes fizemos o bem sem postar nas redes sociais?

Geralmente não quer dizer que você tenha que dar seu dinheiro no sinal. Mas pode ser que essa pessoa recebeu vários “nãos” em entrevistas de emprego, e às vezes foi você que disse isso a ela, direta ou indiretamente. Você comprou aquele aspirador que purifica o ar, mas seu banho continua sendo vinte minutos, não é? Você está gastando horrores em produtos embalados achando que são naturais, quando ao invés de ir na feira comprar comida de verdade, não percebe que está alimentando o nosso monstro de sempre: a indústria alimentícia.

Então, estamos querendo ajudar ou só criar uma boa reputação? Não adianta só pregar valores, é preciso vesti-los.

Comprar um bolo pronto que mais parece um aerolito, cheio de Hidroxianisol Butilado e Hidroxitolueno Butilado. Gente, nem dá para pronunciar essas palavras, como podemos achar que isso pode ser digerido por um ser humano?

Teria tantas outras catástrofes acontecendo. O plástico no oceano, por exemplo. No Oceano Pacífico, entre a costa Oeste dos EUA e o Havaí, existe uma zona conhecida como continente de plástico com mais de 80 mil toneladas de resíduos, segundo a Scientific Reports, com tamanho proporcional a um pouco mais do estado do Amazonas. Show, não é? Vamos continuar tomando suco verde em garrafas de plástico.

“Povo unido jamais será vencido”. Quando, gente? A última vez que tentaram a população ficou sem água potável, sem comida, sem locomoção. Esse problema talvez fosse resolvido se todos, absolutamente todos parassem. Juntos somos mais fortes, mas só todos juntos. De que adianta eu parar e o outro não? Quem paga as minhas contas? Se todos se doassem um pouco, doeria menos! Mas quando?

E assim cada um faz a sua parte. Não com o intuito verdadeiro de ajudar o próximo ou “salvar o planeta”. Mas para poder tomar um taça de vinho com a consciência limpa.