Bom de papo e com uma memória invejável, esse é Dirceu Frittoli, um leitor assíduo do Semanário que no dia 10 de novembro está completando 100 anos de uma vida cheia de história, sonhos e realizações. Jogador de tênis, gremista fanático e apaixonado pela vida, são tantos os adjetivos que podem ser atribuídos a este senhor que tem muito para ensinar.
A conversa começou com Frittoli relembrando quando ainda morava com os pais na Rua Assis Brasil, mesmo local onde reside até hoje. Relembrou quando se casou em 1941 com Dona Elda e tinha o sonho de construir sua própria casa. “Eu era o único filho homem, tinha que ajudar minha mãe e minhas irmãs a terem uma vida digna, principalmente depois que meu pai faleceu, trouxe elas para morar comigo e com minha esposa e, após longos três anos realizei o sonho de ter uma casa de ‘material'”, alegra-se.

Bancário e trabalhador assíduo, Frittoli garante que nunca se cansou e sempre que pôde estava mexendo em alguma coisa. “Gostava tanto de marcenaria que contruí uma casinha de boneca para minhas netas. Queria ver a família feliz e me mantive ativo até quando pude”, lembra. Com dez netos e mais dez bisnetos a casa está sempre cheia e ele garante gostar da família reunida, principalmente quando vão à casa de praia em Rainha do Mar ou quando estão na chácara colhendo frutas. “Construímos um elo muito forte, estamos sempre ligados, eles vêm aqui em casa, saímos juntos. É lindo”, conta sorridente.

O segredo da longevidade

Frittoli é um homem que tem muitos sonhos e garante que o segredo da longevidade é ter sempre uma meta a ser alcançada ao longo do percurso. “O meu primeiro desejo foi ter uma casa de material com colunas brancas, consegui. O segundo era ter uma família, também alcancei. Quis ser jogador de tênis e fui. Sou realizado e um dos segredos que ninguém sabe, ou que quase não pratica, é uma vida sem exageros… Se tudo for levado na medida, com certeza até os 100 anos todos chegariam”, observa.

O tênis realmente é uma das grandes paixões de Frittoli. Quando questionado se ainda tem sonhos, ele respondeu certeiramente: “Eu gostaria de ter sido um campeão na categoria, queria ter sido como Gustavo Kuerten, meu grande ídolo”. E um dos dias mais tristes de suas vidas também esteve ligado ao tênis. “Quando, aos 84 anos, eu fui ao médico e ele me proibiu de seguir praticando o esporte. Era parar ou morrer e eu pude escolher. Optei por me afastar, mas em compensação hoje estou aqui e sigo acompanhando todos os torneios pela televisão”, conta.

Mas o que um senhor com quase um século de vida faz durante seu dia a dia? Seu Frittoli não fica parado, isso ele garante. Lê o Semanário todas as quartas e sábados e outros jornais diariamente para exercitar a memória. Livros, filmes, jogos na televisão, todos estes programas fazem parte da rotina do aposentado. Mas ele não deixa de aproveitar para descansar também. “Gosto de dormir, fico quase toda manhã na cama. Trabalhei acordando cedo durante muitos anos, hoje que posso curtir um pouco mais não deixo de usufruir das maravilhas que é estar com essa idade”, salienta.

O último questionamento não poderia ser outro: O Sr. é feliz nesses 100 anos? E ele respondeu com um sorriso no rosto: “Muito! Pois tudo que sonhei realizei… Agora só falta o meu Grêmio ser campeão”, finaliza.

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário deste sábado, 5 de novembro de 2016.