Exposição “I Pittori dei Nonni”, com quadros de dois artistas italianos, pode ser conferida no Museu do imigrante até o dia 19 de novembro

Bento Gonçalves comemorou, na semana que passou, 128 anos de emancipação político-administrativa. Como forma de homenagear o povo que aqui vive e que criou seus laços familiares, profissionais e educacionais, o Museu do Imigrante expõe uma mostra que resgata a produção artística de dois pintores italianos: José Boscagli e Walter Angelo Bertoni, que vivenciaram a cidade no início e em meados do século XX. A exposição “I Pittori dei Nonni” segue até o dia 19 de novembro.

Ambos os artistas viveram distintos momentos no município, produzindo fotografias e retratos a óleo que mostram significativas paisagens coloniais italianas e do litoral fluminense. Cada tela exposta tem uma história peculiar e ajuda a construir, também, a trajetória da cidade. De acordo com o curador da exposição, Luiz Pasquali, a exposição tem como premissa tornar visível o acervo de arte e a pesquisa histórica da obra e vida dos pintores imigrantes italianos que vivenciaram Bento Gonçalves. “Conforme as datas dos quadros, foi possível estabelecer os períodos em que os artistas José Boscagli e Walter Bertoni estiveram produzindo retratos à óleo e comercializando apreciadas paisagens locais ou do litoral fluminenses. E, desta maneira, os seus trabalhos artísticos podem ser considerados como fontes e registros da visualidade da época, um resgate da memória social da cidade e do desejo de manter para a posteridade a expressão da autoimagem, no caso dos retratos foto-pintados”, explica Pasquali.

Segundo ele, além de pessoas e paisagens do município, foram incluídas outras, de diferentes locais, que mereceram atenção dos pintores, como é o caso dos quadros etnográficos das Expedições Rondon e da Itália. “Inclui a divulgação da pesquisa histórica, através dos textos, para auxiliar na compreensão da linha temporal de produção dos quadros”, salienta.

Ele também explica o porquê da escolha de Bento Gonçalves para a exposição, já que retrata a história e a trajetória de um povo. Para Pasquali, a frase: “À medida que envelhecemos, parece que a infância fica mais perto. Sentimos vontade de reencontrar os primeiros amigos, de reencontrar o nosso pátio e tudo mais que foi nosso na infância”, justifica a proposta da exposição. “Faço das palavras do pintor Iberê Camargo a justificativa de propor ao Museu do Imigrante esta exposição, por ter pesquisado profundamente os artistas. Sendo detentor dos quadros, havidos por destinação familiar e, tendo dado continuidade e, complemento do acervo, de comprovada relevância artística e histórica dos pintores, que residiram e vivenciaram a cidade no passado, conforme comprovado e, posteriormente adquirido notoriedade nacional”, ressalta.

A arte e a cultura são as formas mais eficazes de manter vivas as tradições dos antepassados e recordar uma história, por isso a importância de valorizar cada detalhe destas belas telas. “A Arte, como veiculadora dos valores, vem marcando a existência dos homens e mulheres ao longo da história. O tempo como elemento articulador destes valores, instâncias geradoras de emoção e encantamento. A memória e a lembrança de reverenciar um tempo, de reordenar a existência através dos caminhos da arte produzida em nossa história recente e, ainda acessível. Complemento, mencionando o filósofo contemporâneo Regis Debray, que afirma: “Quem recua no tempo, avança no conhecimento”, frisa.

O público pode visitar a exposição de terça a sábado, das 08h30min às 11h30min e das 13h30min às 17h30min.