Entre as muitas vítimas da violência em Bento Gonçalves está, sem dúvida, a indústria do turismo. Dentre os segmentos mais afetados, estão o de bares e restaurantes, transportes, agências de viagem e hotéis e pousadas. Empresários do setor estimam que, diante do aumento do número de crimes e da sensação generalizada de insegurança na Capital do Vinho, haverá, sem dúvida, estragos em uma da atividade fundamental para a economia da cidade.

Diariamente, a imagem da cidade é manchada por episódios de violência. Nos últimos oito meses, por exemplo, 38 pessoas foram assassinadas em nosso município. Uma média assustadora de homicídios e crimes hediondos todas as semanas. Além disso, crimes de menor potencial ofensivo, como furtos e arrombamentos, também permeiam o dia a dia bento-gonçalvense, o que pode, em essência, desencadear o princípio do que já é visto há algum tempo em cidades como o Rio de Janeiro: a redução do turismo por medo da violência.

É ingenuidade achar que esses crimes afetam apenas os turistas. Na verdade, eles impõem a Bento uma morte lenta, à medida que minam uma das nossas principais vocações econômicas. E, sem a renda e os milhares de empregos gerados pelo turismo, ficará ainda mais difícil o estado sair desse atoleiro.

Contudo, embora os efeitos tendam a se manter por um bom tempo ainda, a Brigada Militar, em sintonia com outras entidades municipais, traçaram como objetivo há alguns anos não deixar que o avanço da criminalidade dominasse as áreas periféricas do município. Fruto disto, na última semana, a polícia Militar passou a contar com um veículo blindado, vulgo “caveirão”, para auxiliar nas incursões em áreas de acesso mais complexo.

É ingenuidade achar que esses crimes afetam apenas os turistas. Na verdade, eles impõem a Bento uma morte lenta, à medida que minam uma das nossas principais vocações econômicas.

Por óbvio, não agrada, e nem agradará, ao olhar do turista ou mesmo do munícipe, um blindado adentrar o Vale dos Vinhedos ou mesmo cruzando a Via del Vino, em puro contraste com a paisagem deslumbrante dos locais.

O fato é que o crime organizado vem se fortalecendo ano após ano, e o estado, por vezes, se vê acuado e mergulhado em uma crise econômica e estrutural profunda. Nestes casos, não resta outras alternativas a não ser combater o crime com força bruta, e neste sentido, o que mais impetuoso que algo à prova de balas entrado em áreas já consagradas por facções. Só nos resta torcer para que vençamos esta guerra antes que os turistas se cansem e encontrem outros destinos para passar suas férias.