Muitos me desejaram um ótimo e maravilhoso ano novo.

Desejaram-me um ano novo repleto de amor, paz e harmonia.

Desejaram-me que todos os meus sonhos se tornassem realidade em 2014.

Desejaram-me um ano novo marcado por muitas realizações e um sucesso estrondoso.

Desejaram-me um ano novo belíssimo.

Desejaram-me um ano novo da cor do arco-íris.

Quase pirei com tantos desejos de coisas boas. Não sei se conseguiria suportar tanta felicidade. Acho que não preciso somente de eventos extraordinariamente felizes na minha rotina.

Na verdade, o que faz a vida ter sentido são os imprevistos diários. Os desafios nos movem. Os obstáculos nos fazem descruzar os braços.

Bom mesmo é começar o ano com o placar zerado e ir à luta.

Uns me desejaram um ano novo frisado de azul. Um céu ensaboado também é interessante. De vez em quando, é bom olhar para um céu sendo riscado impiedosamente por relâmpagos.

Outros me desejaram um milhão de novos amigos no ano novo. Quem diz que tem um milhão de amigos, não tem nenhum amigo de verdade. Amigos de verdade, corajosos e fiéis, são poucos, e quase nunca passam dos dedos de uma mão. Às vezes, precisamos de também de inimigos. Nem muitos, nem poucos, mas o suficiente para nos fazerem repensar em nossas próprias certezas. A insegurança nos obriga a ir adiante.

Uma amiga me desejou um ano novo de vela aberta, empurrada por ventos fortemente favoráveis. Não preciso ser salvo, mas ser ameaçado.

Um político me desejou um ano novo de estradas planas e retas. Aprendi que as estradas são construídas para andar em segurança e os caminhos estão aí para serem descobertos. Prefiro estes a àquelas.

Um incurável otimista me desejou doses inesgotáveis de esperança e otimismo no ano novo. Você pode até abrir a boca e não ser mais capaz de fechá-la, mas não há nada mais irritante que um otimista incorrígivel que acha que a vida é um mar de rosas.

Um colega me desejou um ano novo marcado por vitórias espetaculares em todos os campos. Esse desejo me deixou meio embaraçado, porque tenho aprendido muito mais com meus fracassos do que com minhas “espetaculares” vitórias.

Uma pessoa me desejou um ano novo cheio de expectativas positivas e uma avalanche de diversões. Isso é mais do que posso aguentar. Não sou tão forte para viver criando expectativas demais e me divertir o tempo todo, até mesmo porque há um sábio ditado que diz que o “rir faz bem, rir habitualmente é insosso e rir constantemente é insano”.

Pasme, mas um amigo gozador me desejou um “harém de prazeres” no ano novo. Você pode desatar às gargalhadas, porém acho que não poderia dar conta de tanto trabalho prazeroso.

É claro que não poderia faltar quem me desejasse muito dinheiro no bolso no ano novo. Não sou desapegado às coisas materiais ao ponto de torcer o nariz para a grana. Como a grande maioria, sou bem prático e realista em relação a esse assunto. Confesso que sorri por dentro, torcendo para que esse desejo se tornasse realidade.