Ponto crítico localiza-se em trecho da rua José Benedetti
Imagens e reportagem: Augusto Arcari
O bairro Salgado, em Bento Gonçalves, abriga diversas indústrias e parte do interior da cidade. Com a safra da uva em andamento, espera-se que as estradas estejam em boas condições para o escoamento. Porém, um trecho da rua José Benedetti, encontra-se em péssima situação, conforme aponta o agricultor familiar José Mafessoni. A estrada é crucial para o deslocamento de mercadorias que entram e saem de propriedades familiares e empresas localizadas na região.
Falta de atuação do Executivo na via
Mafessoni reclama da ausência de atuação do poder público no local. “Já faz anos que a prefeitura não faz nenhuma manutenção por aqui. O mato está tomando conta. Nem tirar as pontas ou os espinhos, que é o básico, eles vêm fazer. E não estamos falando de um lugar distante, é praticamente dentro da cidade. As máquinas da prefeitura estão aqui do lado, mas parece que não chegam até aqui”, desabafa, constando que a sede da Secretaria de Obras fica a cerca de dois quilômetros da estrada mencionada.
O agricultor também explica o processo de abandono do trecho ao longo do tempo. “Anos atrás, quando uma empresa se instalou por aqui, foi feito um pedaço de estrada, porque a ideia era facilitar a locomoção. Mas hoje o acesso por cima é melhor, e acabaram deixando isso aqui abandonado. O mato tomou conta e ninguém faz nada”, diz.
Esses problemas também são constantes para Marcos Camerini, proprietário do Frigorífico Brasa Embutidos, localizado na rua José Benedetti, 1.250. “A estrada acaba prejudicando a manutenção dos veículos. Precisamos entrar e sair todo momento, e os custos só aumentam”, enfatiza.
Manutenção por conta própria
Ele relembra que constantemente os moradores do local tem de se encarregar de arrumar a estrada. “Tem gente que precisou comprar cargas de brita por conta própria e contratar máquinas particulares para ajeitar um pouco a estrada. Se não fosse isso, os caminhões nem conseguiriam mais entrar aqui. Não dá para trabalhar com a estrada assim”, lamenta Mafessoni.
Camerini passa pela mesma situação. “Eu mesmo já precisei fazer manutenção na frente da minha empresa. Como é uma área íngreme, preciso garantir que os veículos consigam manobrar e entrar. Às vezes, os vizinhos ajudam tapando buracos para a gente pelo menos conseguir passar”, aponta.
Dificuldades no escoamento da safra e no transporte de mercadorias
Mafessoni destaca os prejuízos e as limitações em decorrência das condições da estrada. “Passam vários caminhões por semana. É muita carga pesada. Os caminhões que deveriam sair com 12 ou 13 toneladas de uva ou de carne, acabam saindo só com seis. Não tem como operar direito desse jeito. É prejuízo atrás de prejuízo. E os pneus são caros, alguns chegam a custar R$ 2.500 cada, e eles acabam danificados por conta da falta de manutenção. Se tivesse um cascalho bem colocado, resolveria boa parte do problema”, aponta.
Camerini, da mesma forma, encontra problemas para o transporte das mercadorias do seu frigorífico. “De manhã, os caminhões que vêm com carne não querem mais vir. O custo da manutenção do carro hoje é complicado, e olha a estrada que nós temos. Meu caminhão saiu agora com seis toneladas, mas ele deveria sair com 12, só que não dá por causa da estrada. A última vez que a prefeitura fez manutenção aqui foi há uns dois anos. Desde então, eles não vieram mais. Estamos esperando há bastante tempo”, pontua.
Problemas além da estrada
As dificuldades na região vão além da via principal, nas laterais, problemas também se fazem presentes. Mafessoni aponta que não são só as chuvas que prejudicam a integridade da estrada. “Aqui não tem bueiro e nem valeta. A água vem direto no meio da estrada e arranca tudo. Se tivesse um desvio, a água ia para o lado certo e não destruía tudo”, reitera.
Camerini sofre com o mesmo problema. “A água acumulada nas laterais da estrada invade as propriedades. Estamos pedindo para a prefeitura limpar as valetas, fazer a roçada e atender a comunidade. Só esta semana tivemos queda de energia por causa do mato na beira da estrada”, afirma.
Considerações finais
Camerini encerra sua fala fazendo um pedido. “Nem eu e nem o José queremos arrumar confusão, apenas pedimos para a Prefeitura dar mais atenção aqui na nossa área. Estamos a cerca de dois quilômetros da Secretaria de Obras. Acredito que o custo não seria absurdo. Basta deslocar uma máquina e um pouco de material para melhorar as condições da estrada”, clama.
O recado de Mafessoni segue na mesma linha. “Deem um pouco mais de atenção na nossa estrada, pois está complicado, especialmente nessa época de safra, o escoamento acaba sendo bastante dificultado pela situação do trecho”, finaliza.
A reportagem do Semanário entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, mas até o fechamento desta edição, não obteve respostas.