O câncer de tiroide pode ser considerado o mais comum na região da cabeça e pescoço e acomete, principalmente, as mulheres. No Brasil, correspondeu a 1,3% de todos os casos de câncer matriculados no INCA de 1994 a 1998 e a 6,4% de todos os cânceres da cabeça e pescoço. A seguir, tire as principais dúvidas sobre o câncer de tireoide.

O que é a tireoide?

A tireoide é uma das glândulas mais importantes do nosso corpo. É ela que regula a produção de hormônios que interferem no funcionamento de vários órgãos do corpo humano, como o coração, os rins, intestino e, no caso das mulheres, regula o ciclo menstrual. Ela tem apenas 25 gramas e fica no pescoço, entre a laringe e a faringe.

Quais são os tipos de câncer de tireoide?

Segundo o endocrinologista Fabiano Tegão Nave, da clínica OrthoHormone, em São Paulo, há três tipos de carcinomas: os bem diferenciados (papilífero e folicular), os moderadamente diferenciados (medular) e os indiferenciados (anaplásico).
– Papilífero: é o mais comum e menos agressivo – corresponde a cerca de 80-85% dos casos de câncer de tireoide.
• Folicular: também é pouco agressivo e corresponde a cerca de 15% dos casos.
• Medular: tipo de câncer um pouco mais agressivo, que corresponde a cerca de 3-5% dos casos da doença.
• Anaplásico: forma bem agressiva e rara que, geralmente, acomete idosos acima dos 70 anos de idade. Corresponde a cerca de 1% dos cânceres de tireoide e costuma ser fatal.

Quais são os fatores de risco do câncer de tireoide?

Segundo o cirurgião de cabeça e pescoço Dorival de Carlucci, do Hospital São Luiz, em São Paulo, o fator de risco mais conhecido é a exposição à radiação. “Por exemplo, com o acidente nuclear de Fukushima,no Japão, a incidência deste câncer aumentou bastante, assim como aconteceu em Chernobyl e em Goiânia, no acidente radiológico”, afirma. Pessoas que trabalham com radiação ou pacientes que realizam muitos exames que envolvam substâncias radioativas também devem estar atentos.

É possível se prevenir contra o câncer de tireoide?

Infelizmente, não é possível prevenir este tipo de câncer. “O máximo a ser feito é o diagnóstico precoce”, diz Carlucci.

Quais são os sintomas desse câncer?

O principal sinal é a aparição de um nódulo indolor na tireoide. “Por isso, faz parte do exame clínico apalpar essa região para identificar possíveis nódulos”, explica o endocrinologista Pedro Saddi, da Unifesp.

Como o câncer de tireoide é detectado?

A ultrassonografia confirma a presença do nódulo. “Hoje em dia, o ultrassom está cada vez mais potente. Ele detecta nódulos cada vez menores e ainda informa a quantidade, se ele é sólido etc, explica o cirurgião do Hospital São Luiz. Essas são pistas necessárias para a detecção correta do câncer.

Quais são os tratamentos para este tipo de câncer?

O tratamento tem três etapas: a remoção cirúrgica, chamada de tireoidectomia, a ablação da tireoide remanescente e a terapia hormonal supressiva.
Cirurgia: com a detecção do câncer, os médicos realizam a tireoidectomia, ou seja, removem a tireoide.
Ablação da tireoide remanescente: ao contrário de outros tipos de câncer, a radioterapia externa não funciona no câncer de tireoide. Por isso, o paciente ingere iodo radioativo, que irá destruir as células de tireoide que sobraram depois da cirurgia.
Terapia hormonal supressiva: como o tratamento remove completamente a tireoide, o paciente desenvolve o quadro de hipotireoidismo. Como essa glândula produz hormônios fundamentais para a manutenção da vida, torna-se necessário repor essa falta de maneira artificial. “A reposição hormonal é feita com o hormônio tireoidiano T4 sintético (levotiroxina), tomado uma vez ao dia, em jejum”, diz Fabiano Nave.

No Brasil, o mais comum é que se retire completamente a glândula, pois, segundo Dorival de Carlucci, o câncer se manifesta dos dois lados em 50 a 60% dos casos.

O que é feito depois do tratamento do câncer?

Depois do fim do tratamento, o paciente deve ser acompanhado com certa frequência. “Ele deverá fazer exames de imagem periodicamente, como ultrassom do pescoço e radiografia do pulmão a cada seis meses ou um ano”, diz Dorival de Carlucci. Isso porque, segundo o cirurgião, a região do pescoço e dos pulmões e dos ossos são as mais ocorrentes no que se refere à metástase do câncer.

Além disso, é feita a dosagem periódica da tireoglobulina, substância produzida pela tireoide. “A substância fica zerada em quem não tem a glândula. Se a tireoglobulina subir no sangue, é indício de metástase em alguma parte do corpo”, completa.