A revista britânica The Economist brindou em sua capa para toda América Latina desse mês (03.06) o Brasil estampado mais uma vez, agora trazendo a estátua do Cristo Redentor recebendo oxigênio e o título: “Brazil´s dismal decade”, podendo ser traduzido por “A década sombria do Brasil”.

Traz a reportagem especial sobre nosso país e uma outra manchete “On the brink”, ou “À beira [do colapso]”.

Não é a primeira vez.

Em 2009 com a capa “Brazil takes off” (“O Brasil decola”). A imagem do Cristo Redentor transformado em foguete retratava o crescimento do país à época apesar da crise global. E era verdade.

Em 2013, no governo Dilma, a revista fez nova capa com o Cristo na forma de foguete, desta vez descontrolado e caindo. O título: “Has Brazil blown it?” (“O Brasil estragou tudo?”). Isso apesar de o país seguir crescendo na época, muito mais do que a vizinhos –e oferecendo crítica muito maiores do que as dedicadas a países como a Argentina. Não era tão verdade, portanto.

Em 2016, a estátua no Rio aparecia com um cartaz de SOS. O título era: “The betrayal of Brazil” (“A traição do Brasil”). Atribuía a toda a classe política o fracasso do governo Dilma, uma visão reducionista da realidade brasileira. Mais ou menos verdade.

Agora a revista afirma que “o Brasil enfrenta sua pior crise desde a redemocratização em 1985”. Apresenta como desafios a serem superados a “estagnação econômica, ruína ambiental, regressão social e o pesadelo da covid-19”. O presidente Jair Bolsonaro é retratado como responsável por ter piorado um quadro que era desfavorável antes mesmo da pandemia. “Com Bolsonaro como seu médico, o país está agora em coma”.

Erro 1: nossa maior crise não é agora. Foi 2015 e 2016 com 7% de redução do PIB.

Erro 2: estagnação econômica: estávamos recuperando o crescimento até a Covid que derrubou o mundo inteiro. Crescemos 3% entre 2017 e 2019. E para esse ano estimativas atuais dão conta que cresceremos 5%. Ano que vem possivelmente de 3 a 5% novamente.

Erro 3: ruína ambiental: como? Já tivemos queimadas muito maiores que as atuais. Só pesquisar. Nosso agro é desenvolvido e temos legislação até de PSA ( pagamento por serviços ambientais ).

Erro 4: regressão social: isso é endêmico no Brasil. Não é de agora.

Erro 5: pesadelo da Covid-19: o país liberou fortunas para os governadores e prefeitos. Ainda está delicada a situação? Sim. Mas está em quase todo o mundo com exceção de poucos países. E a vacinação está andando pra frente apesar de muitas manchetes contrárias.

Erro 6: Bolsonaro teria piorado a situação: não concordo, pois o país em 2018 e 2019 cresceu e, em 2020, caiu menos do que muitos imaginavam. E há reformas sendo encaminhadas. Previsão de crescimento para esse ano em 5%.

Contudo, a revista traz alguns pontos concretos como a falta de investimentos em infraestrutura, que nem tudo está perdido, que a alta das commodities e da agricultura e pecuária poderão trazer mais esperança no futuro.

Penso que a Europa está com medo do agro brasileiro e da liderança que se poderia ocupar na América Latina. A França já deu sinais de tentar manchar a imagem do país. A revista agora faz uma análise, até pertinente, mas, na minha opinião, com viés negativista e que potencializa situações já ultrapassadas, sem mostrar o lado bom do país.

Desculpe The Economist, na essência, vocês estão errados!!!!!!