Vou começar pelo fim. Não, não tem solução. O Brasil vive atualmente sua pior fase desde 1500, quando Cabral aqui aportou e, já de cara, passou a corromper os nativos com badulaques (tipo espelhinhos, por exemplo), visando obter vantagens imensamente maiores. Cabral começou levando o que constatou existir na “Terra Brasilis” de mais valor. Estava lançado o embrião da corrupção. E isso é fato, fartamente noticiado pela história do Brasil. Dali em diante, o poderio de Portugal passou a ser demonstrado, claramente, aos nativos, os índios, na medida em que mais e mais portugueses aqui aportavam – para ficar – sendo uma boa parte deles de presidiários. Holandeses e franceses, sabendo das riquezas na “Nova Terra”, não hesitaram em enviar suas caravelas para tentar conquistar o continente, então dominado por portugueses. Índios e negros – estes caçados na África e transportados para cá, sob grilhões, nos chamados “navios negreiros” – foram escravizados por essa gente. Mas, sem dúvidas, a história da corrupção no Brasil começou a ser contada em 1889, quando a república foi proclamada. Ali, nesse exato momento, as sementes da corrupção – talvez adormecidas? – germinaram. Desde então não pararam de crescer. No período republicano aconteceram ditaduras, nas quais os meios de comunicação tomaram posição. Na de Getúlio Vargas, a grande imprensa foi adversária direta. No golpe midiático-civil-militar de 1964, houve, nitidamente, a divisão entre a “imprensa amiga” e a que era calada à força. Ambas estavam impedidas de divulgar a corrupção que assolava o Brasil. Nunca foi tão fácil roubar impunemente num país. Tanto que os partidos de então e os que foram inventados a partir de 1988, graças a uma constituiçãozinha vagabunda, fajuta, passaram a ser meras sigla de aluguel e a maioria de seus membros tiveram em mente exclusivamente o poder, incentivados por tudo o que ele proporciona, notadamente quando uma legislação pífia é criada para punir a roubalheira. Quem criou essa legislação? Eles mesmo, os políticos. Como os “donos do Brasil” foram cobras criadas por esse sistema corrupto, logo os políticos mais influentes passaram a ser cooptados por eles. Desde 1990, ficou escancarado quem mandava no Brasil. Os seus “donos” fizeram e desfizeram a seu bel prazer e de seus bolsos insaciáveis. Os sucessivos governos e muitos políticos nada mais foram do que marionetes nas mãos dos “donos do Brasil”. O poderio dos banqueiros, dos empreiteiros, dos grandes empresários, dos usineiros e dos ruralistas, catapultados com seus aliados principais – a grande imprensa – teve tudo sob controle. A privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos virou “coisa normal”. Agora, quando alguns políticos (de partidos escolhidos a dedo), empresários (raros), empreiteiros (vários) são condenados, há quem pense que “estamos a caminho de uma faxina geral na corrupção”. Ledo engano! Enquanto todos os corruptos não forem tratados igualmente, mas seletivamente, nada mudará. Não há solução à vista. Nada irá mudar antes das próximas gerações. E isto se elas não ficarem discutindo shortinhos.