O desligamento na alimentação de energia de uma caixa de telefonia da empresa Oi faz com que a distrito de Tamandaré esteja sem serviço de telefone fixo há mais de um mês. O entrave gerou problemas a empresas, escola e moradores da localidade, que precisam utilizar telefonia móvel para comunicação.

De acordo com o técnico da Oi, que realizava a instalação de baterias no momento em que foi abordado pela reportagem, a situação teve início com a remoção da energia do poste fixado próximo a caixa de telefone, utilizado para alimentação do equipamento. A informação é contestada pela RGE, que aponta a necessidade de adequações na instalação do local. Com o impasse entre as prestadoras, quem acabou pagando pela situação foram os moradores.

Para Balduíno Rubbo, residente da localidade, além do alto custo pago pelas ligações de celular, os preços praticados pela operadora de telefonia são abusivos. “A taxa da está muito alta, mas será cobrada igualmente, mesmo que não tenha conseguido utilizar um dia sequer no último mês”, critica.

Educação e Saúde comprometidas

Os problemas da falta de telefone também afetam educandários da localidade. Na Escola Estadual Ensino Fundamental Heitor Mazzini, a diretoria precisa utiliza celulares particulares no dia a dia para tratar dos assuntos de trabalho. Conforme a diretora Ivania Benincá, “no último mês tivemos que usar o celular próprio, para avisar os pais de alguma situação de urgência que aconteceram com os alunos. Está bem difícil”, lamenta. Ela conta ainda que no mês de abril, não houve um dia sequer que o telefone fixo tenha funcionado.
No posto de saúde do distrito a situação não é diferente. A auxiliar de enfermagem Rosani Flores relata os problemas enfrentados no último mês. “Estamos com dificuldade em marcar consultas com pediatras, clínicos geral e dentista. Também não estamos conseguindo marcar exames, os moradores precisam se deslocar até Garibaldi para fazer os agendamentos pessoalmente”, completa.

Empresas acumulam prejuízos

Apesar das diversas formas de comunicação, o telefone fixo ainda é muito utilizado como o principal meio, quando se trata de empresas. Segundo o gerente financeiro de uma transportadora da localidae, Rodrigo Pavan, não há como mensurar as perdas em faturamento. “Os clientes fazem cotação por meio do telefone fixo, e como estamos há um mês sem o serviço, certamente teremos perdas neste período”, afirma Pavan. Ele comenta que a saída adotada pela empresa foi informar aos clientes que entrem em contato por outros meios – celular, whats app, email. “No nosso site, adicionamos os números de celulares funcionais, como forma de tentar amenizar o prejuízo. Tenho a lista de protocolos abertos junto à operadora, mas só passam prazos e não resolvem nada”, esbraveja.

O proprietário de outra empresa comenta que é muito difícil conversar com os atendentes da Oi. “Para falar com alguém pessoalmente, precisa inventar que vai comprar algum serviço deles”, revela Andieberson Erthal. Ele também ressalta que todos os dias entra em contato com a operadora para cobrar uma solução, mas sem retorno.

Para Josete Corbelini, o último mês tem sido de estresse. Além de tentar, sem sucesso, uma solução para o problema, seus negócios também estão sendo afetados. “Em razão da maioria dos clientes serem de pequeno e médio porte, além de lojistas, eles preferem entrar em contato diretamente pelo telefone fixo, o que acaba refletindo na redução de pedidos”, revela. Questionada sobre quais órgãos foram acionados na situação, ela afirma que entrou em contato com o Procon da cidade de Garibaldi, solicitando intervenção do mesmo. Todavia, o órgão não deu uma resposta positiva. Segundo a coordenadora do órgão em Garibaldi, Luciana Saleh, a operadora nem sempre responde aos processos abertos pelo Procon. “Além disso, a concessionária, em muitos casos, demora a responder”, informa.

Palavra das partes envolvidas no caso

O que diz a Oi

O técnico André Ramires informou que a RGE havia desligado a energia do poste sem informar a companhia de telefonia fixa, o que gerou o transtorno na comunidade.

O que diz o Procon

Por meio da coordenadora Luciana Lima Saleh, o órgão informou que abriu uma reclamação administrativa para a Oi Telefonia Fixa. Contudo, segundo ela, nem sempre a empresa atende ao pedido do Procon. A coordenadora ainda mencionou que os próprios clientes poderiam buscar auxílio em outras esferas, como a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), ou na plataforma do consumidor.

O que diz a RGE

A assessoria de comunicação da companhia de energia informou que houve a necessidade de uma adequação técnica por parte do cliente. E que o problema foi supostamente corrigido pelo mesmo, que fez novo pedido de ligação. Relatou ainda que, o desligamento foi feito pela RGE em virtude da caixa de telefone não seguir o padrão técnico exigido pelas normas. A empresa foi notificada e na quarta-feira, 3 de maio, fez a adequação e solicitou a nova ligação, que foi realizada ainda no começo da noite.

 

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