O alerta segue, em razão das festividades de final de ano, onde a possibilidade de contágio é ainda maior, em razão dos encontros familiares previstos para ocorrerem nesse intervalo do Natal e Ano Novo

O alerta foi novamente ligado no Hospital Tacchini. Com o constante aumento no número de atendimentos e casos confirmados da covid-19, a casa de saúde em Bento Gonçalves 88,9% de ocupação nos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) na manhã desta segunda-feira, 21. Na semana passada, o hospital já havia operado no seu limite. Além do novo coronavírus, pacientes com outras comorbidades também procuram o local, aumentando, ainda mais, a complicada situação.

De acordo com a direção do hospital, de outubro a dezembro, o aumento nos atendimentos junto ao ambulatório Fast track, instalado em frente ao prédio e que realiza a triagem de pacientes com sintomas respiratórios, subiu 193%. A previsão das autoridades de saúde era de que esse pico da doença chegasse em janeiro, no entanto, com a velocidade do contágio, a situação de sobrecarga no serviço já pôde ser notada em dezembro.

A médica e diretora da divisão hospitalar do Tacchini Sistema de Saúde, Roberta Pozza, caso a situação continue nesse patamar, o hospital corre o risco de repetir cenas já vistas em países europeus, onde as equipes médicas precisarão escolher quais pacientes receberão atendimento. “Apesar de a proporção entre a quantidade contaminados e de internados ser menor do que na primeira onda, ainda há uma relação entre os dados Os números nos sugerem que, se o volume de infectados continuar aumentando, chegaremos ao pior dos cenários. Vamos precisar escolher a quem prestar atendimento”, lamenta. 

Festas de final de ano podem agravar o cenário

O alerta segue, em razão das festividades de final de ano, onde a possibilidade de contágio é ainda maior, em razão dos encontros familiares previstos para ocorrerem nesse intervalo do Natal e Ano Novo. De acordo com a médica, o ciclo de manifestação da covid-19 é de sete a 10 dias, tendo como agravante, a possibilidade das pessoas estarem assintomáticas e serem vetores de contaminação. “Temos um potencial de infecção gigantesco. Se considerarmos que o ciclo de manifestação da doença é de 7 a 10 dias. Nós vamos ter um primeiro ciclo no Natal e quanto ele estiver terminando, teremos o Réveillon. Nesse período, as pessoas podem estar assintomáticas, mas ainda assim serem vetores de contaminação”, alerta Roberta.

O superintendente do Tacchini, Hilton Mancio, afirmou que os recursos, sejam eles financeiros ou humanos, para lidar com a pandemia não são infinitos e possuem um limite. Para a situação não sair fora do controle, o hospital precisou reorganizar as equipes de trabalho para atender todas as pessoas que buscaram atendimento no local. “Movimentamos a defesa conforme o lado que o Covid-19 ataca, mas já não nos restam muitos escudos. Estamos próximos de deixar nossa principal peça exposta. Se não houver o cuidado necessário, é possível que em janeiro tenhamos uma catástrofe”, avalia. 

Situação de leitos de UTI

Nessa segunda-feira, 21, dos 45 leitos existentes em Bento Gonçalves, 40 estavam ocupados com pacientes contaminados pela covid-19 e também outras doenças. No entanto, mais da metade dos internados (52,5%) são de pessoas infectadas e 47,5% são pacientes com outras enfermidades.

Na ala destinada ao Sistema Único de Saúde (SUS), a situação mostra que dos 23 leitos disponíveis, 15 recebem pacientes, o que representa 65,2% de ocupação. Já no espaço destinado à pacientes com plano de saúde, a situação é mais graves: são 25 pessoas internadas para 22 leitos, representando mais de 100% de ocupação.

Outro fator que alerta as autoridades médicas é a taxa de ocupação de respiradores. Dos 45 aparelhos existentes na casa de saúde, 32 estão ocupados, o que representa 71,1% de instrumentos usados. Essa é a maior taxa registrada nos últimos 15 dias.

Segundo Mancio, a situação é muito preocupante, uma vez que a quantidade de pessoas disponíveis para realizar o atendimento é tão importante quanto a estrutura disponível. “Para combater essa pandemia, estamos ancorados em três pilares fundamentais: estrutura, tecnologia e pessoal. Se um desses pontos chegar ao limite, os outros dois automaticamente perdem a sua utilidade. Ou seja: se não tivermos as pessoas para realizar o atendimento, de nada adianta termos ventiladores pulmonares ou leitos sobrando, por exemplo”, finaliza.

Foto: Alexandre Brusa/Tacchini