Mudar um hábito diário adquirido há mais de 20 anos não é uma tarefa fácil, mas é possível. Assim que Rosimeri Camagnolo, 47 anos, define sua trajetória para largar o cigarro. Ela adquiriu o vício ainda na adolescência, mas, há dois meses, começou a participar de um grupo de apoio na Liga de Combate ao Câncer. Foi ali que ela encontrou orientação e suporte chegar no seu objetivo: não fumar mais.

Com auxílio dos profissionais e colegas do grupo e muita força de vontade, Rosimeri pode dizer que agora tem uma vida nova. “Mudei totalmente meus hábitos, vi que o cigarro não é um amigo. Mas é uma superação diária. Também procuro preencher meu tempo para não ficar ociosa”, relata. Ela diz que fumava, em média, um maço por dia.

Quando não alimentava o vício, Rosimeri enfrentava uma mistura de sentimentos negativos, como tristeza, solidão e ansiedade. No grupo, ela aprendeu a observar situações que desencadeavam o desejo de fumar. “Estresses acontecem, vão ocorrer no dia a dia. Hoje consigo lidar com isso. Antes me refugiava no cigarro”, observa. Ela pontua que os profissionais ajudam muito, mas a força de vontade é essencial para cessar o hábito.

Há 10 anos, a mãe dela também largou o vício, mas a decisão foi tomada somente após ter um infarto. Rosimeri continuou fumando, mas o desejo de parar foi movido pela preocupação com a saúde. Para não sentir mais falta do cigarro, ela começou a utilizar adesivos de nicotina. Agora até a fumaça a incomoda, mas foi um caminho longo. Ela passou a praticar atividades físicas, parou de tomar café preto e foi mudando a rotina. Hoje ela diz se sentir muito mais disposta. “Muda totalmente a qualidade de vida”, finaliza.

Quinta-feira, 29, é o Dia Nacional de Combate ao Fumo

O Brasil é definido, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como exemplo em políticas para diminuição do consumo do cigarro. Segundo o pneumologista Luiz Carlos Corrêa da Silva, o tabagismo é considerado pela OMS a principal causa de morte evitável em todo o mundo.

O médico afirma que, no Brasil, nas últimas três décadas, houve queda de prevalência do tabagismo entre adultos de 35 para 9%. “Sem dúvida uma grande conquista”, opina. Silva ressalta que a melhor prática para o tratamento do tabagismo exige, acima de tudo, entender a fragilidade com que o fumante enfrenta seu problema, por ser portador de uma doença de dependência que o impede de exercer seu livre arbítrio.

Ele também afirma que a Abordagem Comportamental deve ser enfatizada e reforçada, pois é o fundamento do tratamento do tabagismo. “Abordar diretamente os problemas mais importantes envolvidos na doença, individualmente: os aspectos motivacionais e as mudanças necessárias para a cessação”, destaca.

Tratamento gratuito

A participação nos grupos de apoio da Liga de Combate ao Câncer, como o que Rosimeri faz parte, é gratuita. Segundo a presidente da entidade, Maria Lúcia Gava Severa, também são fornecidos os medicamentos indicados pelo médico nos primeiros meses do tratamento. De acordo com ela, o acompanhamento é feito por uma equipe multidisciplinar, que analisa qual a melhor forma para cada integrante cessar o vício.