Município sofreu decréscimo nas exportações e acréscimo nas importações; mesmo assim, se manteve em alta

Dados levantados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) demonstram que houve uma queda de 4,9% das exportações em Bento Gonçalves na comparação entre 2017 e 2018. Do outro lado, as importações aumentaram 11,32% no mesmo período. Mesmo assim, a balança comercial teve um saldo de US$ 34,5 milhões.
Móveis foram os principais produtos exportados e representaram 50% do total. Os mercados que mais receberam produtos bento-gonçalvenses foram Uruguai, Colômbia e Peru. Já o lúpulo foi o item mais importado e representou 11% do total. Os principais importadores do município foram China, Alemanha e Itália.

Necessidade de matéria prima

Na avaliação do presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simmme), Juarez Piva, o crescimento das exportações é reflexo da dependência de matéria prima estrangeira, como acessórios e componentes para a indústria. “Se continuar a crescer a economia, mesmo que a passos lentos, a tendência é que as importações cresçam ainda mais”, analisa.
Ainda segundo Piva, é necessário que se desenvolva mais o potencial exportador da indústria municipal, na medida em que os índices ainda são baixos porque o setor produtivo é fechado. “Antes é necessário reduzir custos. A burocracia e a infraestrutura torna nosso produto muito caro para exportação”, comenta.

Representatividade dos móveis

Em algumas empresas moveleiras do município, o mercado externo chega a representar 40% do total. A Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) contabiliza um crescimento de 10,5% das exportações do setor em 2018, se comparado ao mesmo período de 2017.
Para o presidente da Associação, Rogério Francio, o crescimento pode ser atribuído a dois fatores. “O primeiro é a taxa cambial extremamente favorável e o segundo é que o móvel brasileiro passou a ter reconhecimento mais intenso”, avalia. As perspectivas são positivas para 2019.
Os principais mercados importadores dos móveis brasileiros foram Peru, Reino Unido e Uruguai. “O maior ainda é os Estados Unidos,
mas eles têm exigências que nem todas empresas conseguem cumprir. Nós precisamos ficar de olho no mercado latino, norte-americano e europeu, já que o Reino Unido foi o segundo principal importador dos nossos produtos”, avalia.

 

Crescimento de importações no setor moveleiro

O crescimento das importações com relação a 2017 é um indicativo da necessidade da indústria de trabalhar com componentes vindos de outros países. De acordo com Francio, nem todas empresas moveleiras de Bento estão preparadas para exportar, mas todas trabalham com produtos importados. “Acredito que esses números irão se reverter em 2019, vamos ter uma tendência positiva, de crescimento de exportações”, prevê.
Embora os importados sejam ponto crucial para a produção de móveis, o presidente entende que o mais importante é a disponibilidade desses itens ao setor. “Não dá para dizer que é melhor se fosse produzido no Brasil, mas é muito relevante que eles estejam disponíveis para tornar as empresas mais competitivas”, comenta.
Ele exemplifica com a China, país que tem disponibilizado produtos com alta tecnologia, boa performance e preços competitivos para o mercado brasileiro. “Claro que têm muitas empresas que se qualificaram, se prepararam para serem tão competitivas quanto empresas internacionais, principalmente entre fornecedores de matérias primas e acessórios”, complementa.
A Fimma Brasil 2019 também deixa Francio otimista. Ele entende que a Feira coloca o Brasil cada vez mais na vanguarda para atender ao mercado internacional. “Quem ganha com isso é o próprio mercado brasileiro. Já a qualidade será o forte dos nossos produtos”, avalia.