O dramaturgo irlandês Bernard Shaw afirmou que o homem conformado se adapta ao mundo, enquanto o não conformado tenta adaptar o mundo a si. Na verdade, é essa inconformidade que movimenta o mundo, e é dela que surge o empreendedorismo. Em certo sentido, é esse inconformismo que faz o Centro da Indústria, Comércio e Serviço de Bento Gonçalves (CIC/BG) rumar célere, rejuvenescido e atuante ao seu primeiro centenário de fundação. Esta semana, os 99 anos da entidade cuja história se confunde com a saga de centenas e centenas de famílias que fizeram do empreendedorismo um modo de vida mostraram a força de uma sociedade geradora.

E esse modo de vida se confunde com a imaginação, com o desenvolvimento e a realização de visões de mundo inovadoras. A idiossincrasia é perceber oportunidades, transformar sonhos em realidades, considerar que o erro e o fracasso são ocasiões para aprender alguma coisa. Esse sentimento uniu, na sexta-feira, a trajetória de 18 ex-presidentes do CIC/BG e sua história de mais de meio século de conquistas pessoais e setoriais que refletiram positivamente em toda a sociedade. De Emyr Farina, ex-presidente da entidade de 1962 a 1965 e fundador do CIC, quando a entidade uniu a Associação Comercial com o Centro da Indústria Fabril, a Jordano Zanesco, atual presidente e filho de ex-presidente, a mesma linha iniciada em junho de 1914 por Fiorelo Bertuol, e que, até hoje, foi trilhada por 48 presidentes.

Não é à toa que as datas saltam aos olhos: enquanto o mundo inaugurava o sentimento destruidor de sua primeira grande guerra, Bento Gonçalves congregava um espírito criador associando empreendedorismo em busca do objetivo comum de construir o desenvolvimento. Desde lá, a cidade cresceu, se desenvolveu, viveu crises e as superou, sempre com a força do CIC. Foi junto à entidade que nasceram diversos projetos e foram forjadas ações determinantes para que hoje Bento pudesse se orgulhar de oferecer uma das melhores qualidades de vida do estado e um dos mais altos índices de desenvolvimento humano no país.

É essa história de coragem e empreendedorismo que hoje resgata a colaboração de cada líder da entidade e a história de todos os desafios e dificuldades superados para que a entidade chegasse ao seu centenário forte, íntegra e com a participação de mais de 680 associados, e com uma preocupação que ultrapassa os interesses setoriais para abarcar todas as necessidades da sociedade. Se a realização pessoal estimula a constante motivação para a busca de novas maneiras de fazer coisas antigas, a considerar a informação como uma matéria prima a ser transformada em conhecimento que possa agregar valores, é exatamente dessa matéria de que é feito o CIC.

Para essa nova sociedade em que tornar-se melhor é uma obsessão, o espírito empreendedor é condição sine qua non. Nela, as instituições assumem papel relevante na difusão da lógica empreendedora e contribuem para indicar os caminhos que conduzem ao processo de desenvolvimento. Se há algo de mais verdadeiro no sentimento que emoldura a Bento Gonçalves dos parreirais, nem de longe é a crença fatalista à miséria e à exclusão social, mas sim, a crescente capacidade inovadora. Essa mesma capacidade que faz o CIC seguir célere e forte, rumo ao centenário.