Estou avisando: não respondo mais à pergunta “Ainda não se aposentou?”

Não me aposentei e não me aposentarei tão breve, “tá ligado?” “Sou jovem, e jovem é outro papo”!

Está rindo do quê?

Juventude é, acima de tudo, ter prazer em viver. Sair da cama sem chutar o despertador, dirigir sem xingar a mãe de todo mundo, trabalhar sem bocejar o tempo inteiro, rir das próprias trapalhadas, encarar a pia cheia de pratos com bom-humor…

Juventude implica também um pouco de inconseqüência: viver o momento presente sem se deixar abater pelo peso do passado, nem se estressar com a indefinição do futuro.

Olha só o que diz a sabedoria popular sobre isso: “Passado demais dá depressão, e futuro demais provoca ansiedade”. Até minha netinha, na sabedoria dos seus quatro anos, me alertou: “Amanhã é hoje, vó!”.

Aprender coisas novas também ajuda a conservar a juventude. Agora, por exemplo, estou curtindo outro idioma no “face”, um tal “internês”. Ainda me sinto uma estranha no ninho, mas já consigo empregar com alguma fluência os “kkkkkkkkk…”, “he, he, he…” ou “eh,eh,he…”, “huuum…”, “shuahua…” que tão bem expressam o estado de espírito das pessoas.

Eu sei, eu sei! As questões matemáticas são um problema… No meu caso, aumentou a distância entre os dois catetos em relação à hipotenusa. Para quem gazeou aula de trigonometria no tempo de colégio, explico: trata-se do Teorema de Pitágoras, aplicado à anatomia humana. Os membros superiores – catetos – ficaram curtos considerando-se os membros inferiores, sendo que a distância entre eles – a hipotenusa – dificulta tarefas simples como calçar uma sandália cheia de presilhas. Mas toda “problemática” tem a “solucionática”, já dizia o inesquecível Odorico Paraguaçu. Neste caso, o velcro é boa pedida.

Ah! Ocorre também um lance cibernético muito comum nesta fase da existência. A comunicação entre as conexões nervosas, às vezes, emperra, talvez pela queima de algum neurotransmissor, talvez por falha do sistema de comando. Nada que uma caderneta de anotações não resolva… desde que a gente não se esqueça dela.

Quanto ao desnível do chão, é só tomar cuidado… ou um Labirin duas vezes ao dia. E para não ocorrer derrapagem, calibram-se os pneus…
Fora isso e mais alguma coisinha que devo ter esquecido, juventude plena! Aposentar-se para quê?