Bento Gonçalves e região têm um problema imenso, gigantesco, que se chama SAÚDE PÚBLICA. Estou ligado ao Conselho Municipal da Saúde há 24 anos, participando como membro e, atualmente, como presidente. Durante todos esses anos acompanhei a saúde, através das ações Secretaria Municipal da Saúde, diuturnamente. Desde o primeiro momento, ao ler a Constituição Federal, vi no seu artigo 196: “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Achei excelente, ótimo isso, principalmente porque até então raros tinham condições de custear sua própria saúde.

Esse é problema nosso! II
Sim, muitos devem estar lembrados que para poder consultar um médico era complicado. Dentista, então, nem se fala. E eis que surge uma Constituição garantindo a todos o acesso à saúde pública, gratuita. Mas, me chamou a atenção o texto do artigo 196. Questionei na hora que vi: quem vai pagar a conta? De onde sairá o dinheiro? E esse questionamento levei para o Conselho de Saúde, já que fora dele, junto à população, constatei que ninguém queria saber de onde sairia o dinheiro, mas quem lhes ofereceria o serviço. E no CMS ouvi a mesma coisa: é direito de todos. E o dinheiro deveria sair assim: 15% da receita das prefeituras; 12% do Estado e 10% da União, percentuais esses saídos da Emenda Constitucional nº 29, regulamentada muito tempo depois, mesmo que a Constituição fosse clara originalmente. Todavia, só as prefeituras cumpriram a sua parte.

E agora?
Pois é, agora vivemos o caos total. As prefeituras da região estão no limite; o Estado deve milhões e a União sequer a nossa UPA 24 credenciou (e já vai para um ano de sua inauguração). As dificuldades que a Secretaria Municipal da Saúde está enfrentando são imensas. Já é mais do que hora das forças políticas, empresariais, de entidades, de empregados, de bairros começarem a se mobilizar, DE VERDADE, envolvendo toda a região, para reverter esse estado de coisas. Caxias do Sul, que é referência regional para Bento Gonçalves em várias especialidades, notadamente em cardiologia de alta complexidade, não dispõe de leitos de UTI. Municípios da região, que têm Bento como referência, se deparam com a falta de dinheiro. Resumo de tudo: sobram pacientes e falta muito, muito dinheiro.

Fazer o quê?
O que deve ser feito é alguém liderar uma comitiva regional e, unidos, com força política e privada de representatividade, cobrar do Estado e da União suas obrigações constitucionais para com a saúde pública. E nós, povo e seus representantes, conscientizar-nos de que saúde não é de graça, ela custa muito caro. Portanto, nada nela pode ser desperdiçado, a começar pela marcação de consultas e não comparecer; fazer exames e não os retirar; marcar deslocamentos para outras cidades e não utilizar as viaturas. O momento é gravíssimo e exige a colaboração do povo e participação ativa das chamadas “forças vivas”. Ou começaremos a ver gente morrendo em nosso meio. A prefeitura e a Secretaria da Saúde estão no limite de sua capacidade. Agora é a participação de todos que pode começar a amenizar o problema. Vamos nos unir?