A sociedade nos ensina como devemos nos comportar diante de situações triviais. Sem a premissa de que somos seres feitos de carne, osso, personalidade, sentimentos e experiências. Mas somos compelidos a entender que devemos fazer o que tem que ser feito para sermos considerados normais.

Temos a mania de achar que devemos ter contato com a família, por mais que tenhamos uma família tóxica. Um pai ou mãe que não façam bem, um avô que seja tarado ou uma tia invejosa. E o estereótipo de madrastas e padrastos maus são protagonistas de histórias cruéis que ultrapassaram as décadas, deixando um rastro de preconceito. Tem histórias reais de madrasta e padrasto cruéis? Lógico! E de mães e pais cruéis? É só dar um “Google”.

Assim como existem pessoas boas e más em todas as religiões. Usam do Seu Santo Nome para efetivarem os desejos do ego. Jesus mandou matar em seu nome? Mandou trair? Mandou roubar o próximo? E os ateus? São pessoas más?

Os rótulos, que nós mesmos criamos, devem ser homologados. Mas não queremos ser rotulados. Um tanto ambíguo.

“Devemos olhar constantemente as coisas de maneira diferente.”

Knox Overstreet em Sociedade dos Poetas Mortos

Não sabemos do que somos capazes, até acontecer conosco. Colocar a mão no fogo por si mesmo é um erro. A única coisa capaz de amenizar a sentença é o autoconhecimento. Quanto mais você souber de si mesmo, quanto mais aprender a lidar com as emoções, com mais facilidade saberá passar pelos momentos difíceis da vida. Mas sempre haverá uma porcentagem de chance, de reagirmos fora do conceito de pessoa boa que criamos. Porque para derrubar uma vida inteira de benfeitorias, basta um “deslize”.

Mas porque isso? Não deveríamos ficar todos tristes em um enterro? Lembro de quando era criança, não se podia falar alto, nem sorrir, muito menos correr em um velório. Quando meu avô materno faleceu, criei uma cena na minha cabeça e me senti obrigada a demonstrar choro e pranto, em respeito à minha mãe. Minha primeira atuação impecável.

E isso me faz uma pessoa psicopata? Ou que não gostava do avô?

Talvez, para uma das respostas.

Somos vigiados se não choramos desesperadamente quando um ente querido morre. Devemos espernear, se escabelar e ficar sem comer, e aí sim, nosso amor será validado. Porque será que foi definido que aquele que esperneia sofre mais do que aquele que está calado? É porque precisamos ver para crer o que a sociedade estipulou?

Somos compelidos a achar que traição não se perdoa, que fez uma vez vai fazer sempre, que quem volta é trouxa, que o amor deveria acabar ali. Enquanto outra tribo prega que se deve ser maduro o suficiente para blablabla. Mas quem é que está sentindo? Você ou a sociedade? O que te faz dormir em paz, quando você está sozinha, no escuro, e não tem ninguém para te julgar? Quem é que te cura quando você não está bem, se não é você mesmo e suas próprias decisões? Não tem frase feita do Instagram que faça isso por você.

“Duas estradas divergiam num bosque e eu segui pela menos usada. Isso fez toda a diferença.”

Knox Overstreet em Sociedade dos Poetas Mortos

Não conseguimos compreender os diversos motivos pelos quais as pessoas fazem as coisas e realmente, seria um tanto perturbador e a morte súbita do amor próprio. Mas não sentimos empatia e nos culpamos pelos atos dos outros, cometendo autoflagelo. Mudamos as atitudes como escudo de proteção e, não menos importante, precisamos conviver com conteúdo sem referência e desinformação e, por conseguinte, a descrença sobre as patologias sociais e de personalidade que existem e o ‘cancelamento’ de pessoas, e de “tipos” de pessoas.

Ainda vão existir comunidades que levantarão bandeiras gritando 8 ou 80, enquanto outros sussurram no teu ouvido, “faça o que você sentir que deve”. Me aquece, por sentir que é um pequeno progresso.

“Isto é uma batalha, uma guerra e as vítimas podem ser os vossos corações e almas.”

Sr. Nolan em Sociedade dos Poetas Mortos