O setor vinícola fechou o primeiro semestre com um crescimento tímido de 1,99%. O número parece baixo, mas num período em que a maioria dos setores está apresentando números negativos, fechar no azul é motivo de comemoração. Até porque, apesar da estabilidade em números gerais, alguns setores específicos deram saltos significativos de participação nestes seis meses iniciais de 2014.

Foi o caso do suco de uva e dos moscatéis, que puxaram a comercialização para cima. O suco foi o principal motor de propulsão do setor neste primeiro semestre, fechando com um crescimento de 18%. O produto pronto para o consumo alcançou a importante marca de 39,4 milhões de litros produzidos. No ano passado, foram consumidos, no mesmo período, 33,2 milhões de litros.

Os moscatéis, por sua vez, ainda tem uma representatividade tímida no consumo de derivados do vinho, mas apontou um crescimento de 17% neste ano. Até o momento, foram consumidos apenas 904 mil litros do produto, mas estes números vem em franco crescimento ano a ano, caindo no gosto dos brasileiros. A preferência pelo produto nacional fica mais clara quando confrontamos os números com os produtos estrangeiros. No semestre, o consumo de espumante estrangeiro caiu 8%, mas, mesmo assim, ainda é mais consumido que o nacional, cerca de 1,6 milhão de litros. Os espumantes são presença cada vez mais comuns em confraternizações e eventos, mas também em jantares em casas de amigos, encontros casuais e happy hours.

Porém, nosso produto mais forte, o vinho, não apresentou um crescimento muito grande, mas mostra sinais de que deve melhorar seu consumo no segundo semestre. A retração inicial foi de 6% comparado ao mesmo período do ano passado. A Copa do Mundo que, inicialmente, parecia ser um produto que ajudaria a alavancar as vendas no primero semestre, acabou por se tornar a vilã para o setor. A cerveja foi o grande atrativo para os turistas, que acabaram deixando o vinho de lado.

Mesmo assim, a diretoria do Ibravin entende que a realização do Mundial no Brasil serviu para alavancar negócios futuros do vinho brasileiro em países estrangeiros. Vinícolas como Salton e Aurora já estão conseguindo explorar de forma diferenciada o mercado externo, tendo ótimos retornos e garantindo premiação em concursos internacionais.

Aos poucos, estamos ganhando espaço fora do Brasil, apesar desta ser uma luta muito árdua. O objetivo é conquistar um lugar entre os grupos mais seletos, mostrar que o país consegue produzir vinhos de qualidade superior. O desafio é grande para que isso aconteça, pois ainda há uma estrada longa para ser percorrida até que esta meta seja alcançada.

E, por outro lado, ainda enfrentamos o estigma da concorrência dos importados, que continuam a chegar em peso no Brasil. O primeiro semestre mostra que o consumo de vinho estrangeiro cresceu 14% entre os brasileiros, alcançando a impressionante marca de 34,1 milhões de litros consumidos. Porém, este é um inimigo que teremos que saber conviver e tentar superá-lo, mostrando qualidade superior.