Do lado brasileiro já nos tempos de D. João VI havia-se tentado uma política de imigração. Com a abolição do tráfico de escravos e mais tarde, com a Lei do Ventre Livre, a agricultura viu-se obrigada a partir para outras experiências de exploração do solo. O Governo Imperial, neste ponto, após longos estudos, resolveu favorecer o sistema de posse da propriedade por parte do imigrante, o que chamaria propriamente colonização. A vinda dos Europeus correspondia também ao desejo nacional de mesclar o país, visto que muitos temiam uma “africanização” do povo brasileiro.

No caso do Rio Grande do Sul, próxima a Santa Maria e principalmente, as matas da Encosta Superior do Nordeste, uma região difícil, devido as serras múltiplas e a falta total dos caminhos.

Os administradores brasileiros não escondiam sua preferência pelos germânicos, e de bem gosto teriam recebido os alemães, suícos, holandeses, belgas e suecos. Porém os italianos foram escolhidos, especialmente os habitantes do norte da Itália.

Houve enfim a organização da imigração. Os acordos entre os governos (Brasil e Itália) e algumas companhias de navegação, além das vantagens oferecidas pelo Governo Imperial do Rio de Janeiro colocaram em ação milhares de pessoas, fazendo propaganda sobre as vantagens da vida na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul e outras regiões do país. Funcionários públicos, padres e inconformados políticos, serviam-se de todos os meios para louvar a nova terra.

A classe pobre italiana lutava naquele momento contra a proletarização a que o movimento capitalista, em tais condições, forçosamente, a levaria; e se apresentava a perspectiva de partir para a “Mérica”, onde cada qual receberia seu pedaço de terra.

E os primeiros, que arriscavam a viagem, passaram depois, apesar das dificuldades encontradas, a chamar os parentes e amigos, para juntos, triunfantes, cantavam:

“Nel Brasile non si sono padroni, cada uno é padrone di sé, in su casa il colono commanda e se stima iguale a uno Ré”.

“No Brasil não teremos patrões, cada um é patrão de si, em sua casa o colono é que manda e se estima igual a um Rei”.