Em 20 de setembro de 1835 iniciava a Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha para soar mais poético, que perduraria por 10 anos, anunciando um fim somente em 1845. A província de São Pedro começava ali um movimento separatista, desejando ser independente como forma de mostrar aos estancieiros e governo a sua insatisfação devido às altas taxas, especialmente do couro e charque gaúchos.
Assim, surgia um marco histórico, como o fortalecimento da identidade do nosso povo, com tradições e os ideais de liberdade, igualdade e humanidade, inspirados no francês e descritos também em nossa bandeira.
Foi assim que o gaúcho ganhou notoriedade ao longo da história. Não bastasse ter nascido sulista, o ser gaúcho demonstra um estado de espírito, um querer ser e não se encaixar com a outra parte do país.
É desde o frio do inverno negativo que atinge os pampas até o costume de tomar chimarrão atrás do fogão a lenha, tratar os animais mesmo debaixo da geada sem preguiça, vestir-se a caráter, cantar letras de músicas com termos específicos que muitos não entendem, falar mais grosso e alto, comer churrasco em qualquer dia da semana, dançar nos bailes a valsa, o chamamé, a milonga e a vaneira, até entoar o hino rio-grandense com muito orgulho. Sem perder, com o tempo, as tradições passadas de geração em geração.
Isso tudo porque o gaúcho é um ser diferenciado. Somos um povo distinto não só pelas guerras travadas, mas pelas virtudes que carregamos, como força para reconstruir, não desistindo da luta e ajudando nossos irmãos.
O gaúcho sempre cultivou um sentimento de orgulho e honra de ser “primeiro gaúcho, depois brasileiro”. A letra do nosso hino e nossos costumes se espalharam pelo país e as façanhas que eram “apenas nossas” agora servem de exemplo para todos. Quando pensamos que esse estilo de vida amornou, passamos por crises que tiraram a prova de nossa força e coragem. Após a pandemia, com as enchentes, vimos que o povo só se reergueu por ele mesmo, com a união da população do Estado em uma corrente de solidariedade infinita, anônima, empática. O arregaçar das mangas veio como uma imediata resposta de quem parou tudo pra salvar seus irmãos, não importa se maragatos ou chimangos.
O reconhecimento do gaúcho contribui para inspiração de um povo unido e forte. Esse regionalismo serve de exemplo para outras regiões do Brasil, mostrando que a diversidade cultural é uma força e não uma fraqueza. Para as gerações futuras, deixaremos esse legado de trabalho, força e união. Porque ter nascido no Sul não foi uma opção, mas permanecer aqui apesar de tudo, demonstra que o Rio Grande é nosso verdadeiro lar!