Acordo venceu em 28 de fevereiro deste ano. Sindilojas e SEC-BG debatem os reajustes

A Convenção Coletiva do Trabalho (CCT) para o comércio de Bento Gonçalves, Carlos Barbosa e Garibaldi, venceu em 28 de fevereiro deste ano. O Sindilojas Regional Bento e o Sindicato dos Empregados do Comércio de Bento Gonçalves (SEC-BG) ainda não entraram em um acordo sobre quais serão as novas regras.

Posicionamento do Sindilojas

Conforme o presidente do Sindilojas, Daniel Amadio, já houve tentativas em diversas reuniões, desde que expirou a convenção coletiva. “Há um impasse na questão dos índices. Vínhamos na primeira proposta com um índice abaixo da inflação. O SEC-BG colocava um ganho real e chegamos a ofertar a inflação do período, que é 10,8%, referência do Índice de Preços no Consumidor (INPC) de fevereiro”, explica.
Um dos pontos apresentados pela entidade é que, como as empresas estão instaladas em cidades turísticas, têm uma mecânica que prevê abertura aos sábados, domingos e feriados. Para o Sindilojas, aumentar o valor dos bônus é criar um entrave para a recuperação do setor. “Entendemos que eles são muito caros, a maior alegação que os nossos associados nos trazem é que trabalhar, principalmente em feriados, fica muito custoso”, esclarece Amadio.

Nos demais aspectos, o representante dos comércios de Bento garante que está tudo acertado e que apenas por essa divergência não conseguem assinar a CCT. “Estamos insistentemente tentando encontros com o SEC-BG, para ver se a gente consegue diminuir essa distância e poder assinar”, menciona.
Amadio afirma que enquanto a negociação não estiver fechada, não há impedimento para trabalho aos domingos. “E, claro, consequentemente não há necessidade nem do pagamento do bônus, porque proibição domingo, somente se houver lei municipal, o que não é o caso desses três municípios, Bento, Garibaldi e Barbosa”, informa.

O que não se pode sem a negociação, segundo o presidente do Sindilojas, é o trabalho nos feriados. “Tem uma categoria diferente, então a Justiça do Trabalho entende que, nesse caso, só se pode trabalhar mediante negociação coletiva. O próximo feriado é apenas em 7 de setembro, quando temos um intervalo que dá tempo de a gente sentar, conversar e tentar fechar antes disso”, acredita.

Para Amadio, é papel do Sindicato do Comércio Varejista buscar encontros para resolver os entraves e está aguardando resposta do SEC-BG. “Vamos, insistentemente, tentar sentar à mesa e fechar a negociação, porque a gente quer já regrar os feriados até o final do ano, inclusive na época do Natal, que é muito importante para o comércio”, finaliza.

O que diz o SEC-BG?

A presidente do SEC-BG, Orildes Maria Loticci, sobre a mecânica de abrir o comércio aos finais de semana e feriados, afirma que se partindo da premissa que isso ocorre em muitos municípios, principalmente onde o foco é o turismo, não há um problema propriamente dito. “Porém, tudo vai depender da negociação entre sindicatos e, de certa forma, de termos mão de obra para tal”, salienta.

De acordo com Orildes, hoje o comércio já é um setor bastante complexo no que diz respeito a trabalhos em fins de semana e feriados eventuais. “Imagine se isto ocorrer de forma sistemática. O que precisamos, na realidade, é qualificar o nosso trabalhador para que ele abrace a causa e, literalmente, vista a camisa. Ser comerciário é ter orgulho de sua atividade, porque para saber vender é necessário ter um dom. Não é fácil, nem simples. E para isso, também, é necessário haver reconhecimento e valorização por parte da classe patronal”, considera.

A representante dos trabalhadores do comércio relata que as regras são estabelecidas anualmente nos acordos coletivos. Desde 2020, entretanto, em alguns municípios e setores da base territorial do SEC-BG, há negociações diretamente com as empresas, devido às dificuldades em negociar com alguns sindicatos patronais. “Conforme mencionei, o comerciário precisa ser reconhecido e valorizado. Precisa ser bonificado de forma justa pelo seu trabalho e com pelo menos uma folga semanal, porque todos têm suas vidas, afazeres e famílias. Além de necessário fisicamente, é necessário psicologicamente para se manter um bom ambiente no trabalho e o sorriso no rosto do trabalhador, algo tão exigido pelos patrões e pelos clientes”, refere.

Sobre a probabilidade de flexibilização das regras no futuro, Orildes garante que é possível. “Flexibilizar as regras certamente é a parte menos difícil. Resta saber se serão flexibilizados os benefícios também”, finaliza.

Foto: Thamires Bispo