Bento Gonçalves é, indubitavelmente, um município e uma cidade sui generis. Muito do que acontece aqui dificilmente será visto em outra localidade. Vamos abordar um assunto que, quer queiram alguns, quer não é de extrema importância. Pelo menos eu o entendo de importância vital. Falo da água nossa de cada dia. Bento Gonçalves, que se orgulha de tanta coisa que faz, produz, etc, tem uma mácula inacreditável. Não possui uma única gota de esgoto tratado. Muitas vezes afirmei que nosso Município teve somente gestores públicos desde que foi emancipado, nunca um “prefeito”, pessoa que administra um município com olhos para as atuais e futuras gerações. Desafiei, inclusive, para que qualquer pessoa apontasse uma obra de infraestrutura que tenha sido feita com verbas federais, originária de PROJETO e a “fundo perdido”. Tudo o que fizeram foi de gestão trivial, corriqueira, do dia a dia de qualquer administrador público. Guilherme Pasin está diante de ótima chance para ser diferenciado. E no tocante à água, não foi por falta de oportunidade que os ex-administradores não fizeram. Foi por falta de AÇÃO concreta. Nossos mananciais têm suas nascentes nos municípios vizinhos, mas ninguém se preocupou em fazer com que as leis de proteção a eles fosse abrangente. Agora, quando se realiza o 20º SIMPÓSIO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS – evento de âmbito nacional de relevante importância e que concedeu a Bento Gonçalves o direito de sediá-lo – temos oportunidade ímpar de aprender muito. O diretor da Odebrech, Luiz Gabriel Azevedo, a quem tive a honra de entrevistar, que é presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos – cargo voluntário não remunerado -, sugeriu que Bento, Garibaldi e Carlos Barbosa fizessem, a exemplo de Sorocaba e cidades vizinhas, um consórcio objetivando a proteção, em conjunto, dos rios, riachos e arroios que formam a bacia de captação de Bento Gonçalves. Depois de vários bairros nascerem e crescerem sem qualquer controle público, sem qualquer fiscalização e passassem a poluir diuturnamente vários arroios, inclusive o Barracão, o mínimo que se espera, agora, é agilidade no projeto de TRATAMENTO DE ESGOTOS E EFLUENTES que está – ou deveria estar – em andamento, além, obviamente, de ações fortes de fiscalização junto a Barragem São Miguel e os afluentes que a formam. Há poucos dias houve mortandade de peixes, devidamente denunciada e abordada em meu Artigo e Coluna. Algo foi feito? Asso no dedo como não foi. A quem cabe essa fiscalização? Quem tomou alguma iniciativa para conferir o ou os motivos da mortandade de peixes? Essas perguntas exigem respostas. Mas, creio que a inércia, inclusive de parte da população, está começando a ter um movimento. Criou-se no Facebook uma comunidade que trata desse assunto. Informe-se. Entre nela. Participe. Denuncie. Reivindique. Juntos poderemos mudar esse estado de coisas. Para o bem de Bento Gonçalves e de seu povo.