O mês de setembro não foi muito agradável para os brasileiros. As contas públicas do governo federal tiveram um déficit de 25 bilhões, rombo anunciado após as eleições. Para equilibrar, o governo vai cortar investimentos, reduzir despesas e buscar apoios perdidos ao longo da caminhada da Presidente Dilma. Por outro lado, nesse mesmo setembro, os supermercados tiveram o pior resultado dos últimos 8 anos, o setor cresceu apenas 1,9%. E a inadimplência das empresas teve uma alta de 13,4%. É um efeito cascata na vida dos brasileiros: o Governo vai mal, as empresas sofrem com a falta de investimentos, e o povo vai perdendo sua capacidade de lutar por melhor qualidade de vida. Certamente foi em setembro também que o Prefeito Pasin chegou a conclusão que era preciso enxugar a máquina pública. Dispensas, adequações, expediente único, corte de despesas e, o que repercutiu muito mal, a par das dispensas, a suspensão temporária de pagamento de despesas já efetuadas. Faltou, sem dúvida, aos gestores da coisa pública municipal, a adoção de um dos requisitos básicos da administração: a previsibilidade. O argumento do “rombo” de Lunelli, não suficientemente esclarecido ao longo do tempo, não serve mais como argumento, é preciso se estabelecer uma gestão de eficiência plena, a Prefeitura deve ser a maior e a mais saudável das empresas do município. A torcida é para que o Prefeito tenha sucesso nessa reorganização administrativa.

NÃO DÁ PARA ENTENDER

Faz muito tempo que a população de Bento não ultrapassa muito dos cem mil habitantes. Mas os índices de criminalidade e a população marginal cresceu bem acima da média. Drogas, assassinatos, prostituição, furtos, roubos, tudo vem crescendo de forma preocupante. A rigor não se sabe exatamente o que a Brigada Militar, o que a Policia Civil, o que a Municipalidade estão fazendo para conter esta onda avassaladora que está provocando um crescimento fantástico das empresas de segurança privada. Seria preciso um relatório público, um debate público, para juntos enfrentarmos melhor este problema. É certo que as autoridades não divulgam para não alardear a população, porém, este resguardo não deve esconder a ineficiência ou a falta de condições dos governantes. Vejam por exemplo, o que mais está preocupando a Brigada no momento: muito breve cerca de 30% dos brigadianos de Bento vão se aposentar e soldados de outros municípios não querem vir a Bento “porque os aluguéis e o custo de vida é muito caro”. Já estamos carentes, vamos ficar mais carentes ainda? Prefeito e Governador vão ter que sentar e resolver esta questão.

CARANDIRÚ?

O assassinato de Noemir Leitão ainda não foi esclarecido. Com a sociedade Leitão já havia pago sua dívida. Como profissional do Sistema S era exemplar. Era militante da Igreja Adventista, com função, inclusive, de auxiliar de Ministro e palestrante. A atuação dessas Igrejas se concentra principalmente em auxiliar pessoas em descaminho, chegadas a droga, prostituição, delinquência, se consideram a mão amiga, compreensiva, em nome de Deus e através de Deus. Leitão morava no Residencial Novo Futuro onde residem, em condições precárias, 450 famílias. Ali a evolução do consumo de drogas, da prostituição, dos conflitos é uma constante, situação difícil de controlar e combater porque está tudo mais ou menos escondido lá dentro. É possível, eu disse é possível que, através de sua ação religiosa, Leitão estivesse assistindo necessitados e tenha contrariado interesses. O “Minha Casa, Minha Vida, tem esse aspecto negativo, junta pessoas desiguais, algumas desajustadas socialmente, inclusive com outras de classes social média que, não se sabe como, tem imóveis em outro lugar, foram contempladas com imóvel no Residencial Novo Futuro e alugaram. Lembro que quando o conjunto residencial foi anunciado e a construção iniciada ali no “Senadinho” do centro, não confundir com o “Senado” do qual já falei, o ex-prefeito Darcy Pozza, Membro assíduo, apelidou o Residencial Novo Futuro de “Carandiru”, numa referência a cadeia, sustentando que ” vai ser muito difícil impedir e combater os conflitos, a proliferação de drogas, da prostituição e da marginalização”. Não se tira o mérito de programas sociais como este, mas não deixava de ter razão Pozza, exageros de conceituação a parte. Há uma dificuldade muito grande da policia, da Brigada, da Municipalidade, atuar na manutenção de ordem, da moral e dos bons costumes. É um desafio que se alinha ao lado de tantos desafios que temos por aqui. Leitão pode ter sido vitima destas circunstâncias todas.