Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Conselho Federal de Medicina, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo, ou seja, um mês inteiro dedicado para todas as questões que envolvem a saúde mental. O tema da campanha deste ano é “Agir salva vidas”, justamente para reforçar a importância de buscar medidas que possam evitar que uma vida seja perdida.

Quem sofre de depressão precisa buscar ajuda especializada, inicialmente com um psicólogo. Muitas vezes, o suporte de um psiquiatra também se torna fundamental para a recuperação. Durante esse processo, há casos em que o paciente vai precisar fazer uso de algum tipo de medicação. É nesse momento, que surge a dúvida: o que são os antidepressivos? Quem explica é o psiquiatra Rodrigo Casagrande Tramontini. “Basicamente, são medicações que atuam em circuitos cerebrais responsáveis pela regulação emocional e que são utilizados para o tratamento não só da depressão, mas de diversos outros transtornos mentais”, esclarece.

Contudo, os remédios são considerados apenas uma parte do tratamento. “O uso de medicações, quando indicado, também devem ser acompanhadas de um bom vínculo com o psiquiatra, que precisa ser um profissional empático, atencioso e disponível. Além disso, tenho a convicção que todo o paciente que usa medicações antidepressivas precisa receber algum tipo de psicoterapia ou ao menos ser escutado e ter tempo de conversar bem com o médico durante a consulta”, destaca.

Indo de encontro com o pensamento de Tramontini, o psicólogo William Turri também destaca a importância de o tratamento com remédio estar associado com a psicoterapia. “Os medicamentos não fazem milagre e é na psicoterapia que as transformações mais importantes acontecem. É como se uma pessoa estivesse deitada e não conseguisse levantar. Os medicamentos puxam a pessoa para cima, a levantam, mas é na psicoterapia que essa pessoa dará os passos, andará, caminhará no sentido de transformar sua vida, fazer as mudanças necessárias, mover-se até a cura”, salienta.

Toda pessoa diagnosticada com depressão precisa de medicamento?

Quem sofre com depressão acredita que o primeiro e mais importante passo será o uso de medicamento, mas de acordo com Tramontini, não são todos os que precisam. “Casos leves e moderados, especialmente, podem ser tratados de outras formas, incluindo psicoterapia, exercícios físicos e mudanças de estilo de vida”, explica.

Já em casos considerados mais severos ou conforme a avaliação de um psiquiatra, a medicação pode ser introduzida. “Não deixando de incluir as outras intervenções supracitadas. Algumas vezes, a depressão também pode ser causada por um outro problema no organismo – como doenças da tireoide, síndromes demenciais, transtornos de sono ou carência de algumas vitaminas essenciais, por exemplo – nesses casos, para que possa melhorar, o paciente deve tratar a doença que está provocando o quadro depressivo”, enfatiza.

O preconceito com as medicações

Por falta de informações claras, ainda há muito preconceito com o uso de remédios. “As pessoas ainda associam os psiquiatras e as medições aos antigos manicômios e a métodos e medicações antigas que não são mais usados. Isso ficou no inconsciente coletivo. Também existem o medo de ficar dependente do remédio, de ser visto como incapaz ou de parecer fraco”, afirma.

Mitos sobre os remédios

O psiquiatra Rodrigo Casagrande Tramontini tira dúvidas do que é mito em relação aos medicamentos nos casos de transtornos mentais.