Apenas cinco dos 17 vereadores se pronunciaram no encontro

Uma sessão de certa forma apagada, pela falta de projetos na Ordem do Dia, mas acesa pelas fortes críticas ao sistema de saúde no município marcou a reunião plenária da última segunda-feira, 17. O líder do Governo, vereador Jocelito Tonietto, do PSDB, foi o primeiro a se pronunciar e já iniciou justificando a melhora no sistema, o que não teve a concordância dos demais que utilizaram a tribuna.

Vereador Tonietto em defesa do Executivo

Líder de Governo na Câmara, Jocelito Tonietto (PSDB), que pouco se pronunciou no decorrer do ano, tem utilizado a tribuna para cumprir com seu papel de defender o Executivo. Na última sessão, Tonietto falou sobre os problemas que rondam a saúde. “A arrecadação baixou quase R$ 2 milhões por mês. A população precisa saber. A demanda aumentou, muitas pessoas não conseguem mais pagar planos de saúde e migram para a saúde pública”, ressaltou.

Tonietto disse, ainda, que no último dia 10 teve início o atendimento pediátrico no PA Zona Norte, que em uma semana já recebeu mais de 100 pacientes. “Foram crianças atendidas sem precisar cruzar a cidade nesses dias de frio, de chuva”. E complementou: “Nos últimos dois meses tivemos uma demanda muito grande, demora, superlotação. Então, o Governo abriu três unidades (Vila Nova, Santa Helena e Municipal) na segunda-feira até às 21h. Isso fez com que baixasse em quase duzentas consultas por dia na UPA do Botafogo. A gente torce, existem problemas, são apontados, mas temos que baixar a cabeça e ir para a secretaria cobrar, buscar recursos, ajudar nossa população”, afirmou, recordando que nesta terça-feira, 18, seria reaberta a UBS São Valentim, fechada durante a pandemia, agora com atendimento médico às terças-feiras pela manhã e às quintas, pela manhã e à tarde.

Pasqualotto faz questionamento sobre a saúde

“Meu assunto também é saúde. Vejam que temos duas saúdes municipais: uma da Prefeitura, que tenta mostrar um lado, e outra, que é aquela que a população nos solicita”, disse no início da sua fala o presidente da Casa Legislativa, Rafael Pasqualotto. “Eu falaria a saúde do meu Whatsapp, porque no meu Whatsapp não é a saúde propagada. A saúde que me solicitam é outra realidade. Enfermos, filas imensas, pessoas não atendidas. Temos dois mundos”, afirmou.

Pasqualotto deu ênfase a cinco pedidos de informações feitos por seu Gabinete à Secretaria Municipal de Saúde há 12 dias, ainda sem resposta. “Importante lembrar que se a arrecadação realmente está caindo, está caindo agora. E quando vem a Secretaria de Finanças aqui e nós pedimos se caiu a arrecadação, ela não responde. Então que seja transparente”.

“Eu não vou falar nada sem saber. Então, para podermos fazer colocações pertinentes ou não fazermos colocações, precisamos de dados. Por isso fiz cinco pedidos de informações. Queremos saber a respeito da UPA. Internações, tempo de internações, como está isso? Queremos saber com relação ao Hospital Público Municipal. Temos um terreno em que foi começado a construir o hospital público e até o momento não temos informações. Quanto foi investido, como está o andamento, previsão de conclusão. Com relação aos profissionais da área médica, quantos são concursados, qual é o valor médio gasto, investimento em hora-extra, quantos são contratados via MedSaúde, qual o valor gasto. Também queremos saber quando precisa preencher vagas, quais são os critérios utilizados? Indicação política, o mais feio, o mais bonito? Qual o critério de escolha dos coordenadores? É por currículo, por experiência, é por ser amigo deste ou daquele? E sobre a Secretaria? Quantos funcionários têm, quantos através de Processo Seletivo, através da APL, da MedSaúde? Quantos ganham funções gratificadas, e quais são os sistemas escolhidos para esta ou aquela pessoa ganhar uma Função Gratificada. Estamos aqui numa boa, perguntando, faz 12 dias. Será que não conhecem, que não têm uma planilha, que precisa demorar 12 dias? Daí quando vem aqui um vereador e diz que precisa abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito, uma CPI, não, não vai ter CPI. Por que não vai ter CPI?”, questionou, e complementou “Estamos aqui fazendo nosso serviço, pedindo informações, suave. Mas se não é respondido e falamos em CPI, meu Deus, CPI não!”, finalizou.

Gava fala da falta de transporte coletivo e sobra de unidades de saúde

O líder do PDT, José Gava, iniciou seu pronunciamento falando sobre o fechamento das escolas cívico-militares. “Eu acho engraçada a maneira com que as pessoas se posicionam contra maior parte da parcela da sociedade. São comentários muito infelizes nas redes sociais. Quando se fala em economizar, não é o caminho economizar na educação. Esse Governo, quando entrou, já dobrou o número de ministérios. Tudo que se investe na educação é um dinheiro bem gasto. E educação de qualidade não custa barato. Agora, se dissessem que iriam fechar para fazer coisa melhor, até dava para aceitar. Acho que quando há uma troca de Governo, o que é bom tem que manter. O que é ruim não se faz mais”, enfatizou.

Quanto ao transporte coletivo, o Vereador relatou que um usuário do sistema se dirigiu a uma parada de ônibus no bairro São Roque, “praticamente uma cidade dentro de outra cidade”, conforme ele mesmo classificou, às 9h da manhã de um sábado, e pegou o ônibus às 10h15min. Outra chegou na parada às 8h45min e pegou o ônibus às 9h30min. “É grave o que está acontecendo. Não dá para colocar ônibus somente no horário de pico e empilhar todo mundo. A empresa tem que favorecer os usuários”, disse.

Já sobre a questão da saúde, Gava afirmou que o atendimento realmente melhorou, mas o estado da saúde está péssimo. “Se eu tivesse o poder, 80% dos postos de saúde fecharia. Porque prefiro que uma pessoa vá lá em São Roque ou na UPA e quando ela entrar, se ela precisar de um exame, ou de uma cirurgia, que ela saia de lá com a solução. Imagina se concentrasse todo esse dinheiro que se gasta nos postinhos, com atendente, estrutura, manter prédio, secretária, porque no postinho, praticamente são só coisas comuns, mas quanto custam para o município? Se pegassem tudo isso e concentrassem nesses dois pontos estratégicos, contratassem especialistas, exames, eu não queria um posto de saúde na porta da minha casa. Posto de Saúde é coisa do passado. É minha posição”, evidenciou.

Vereador Petroli e o contraponto

O líder do MDB, Agostinho Petroli, afirmou que a questão de pagamento melhor passa pelo novo plano de cargos e salários, prometido no início do Governo e que ainda não foi feito. “O que estamos pedindo é isso, para dar um salário justo para quem merece, inclusive na saúde”, afirmou.

Conforme ele, “alguém precisa fazer o contraponto nessa Casa. Tenho sido muito crítico, tenho sido mesmo, mas não posso concordar com tudo que é colocado nas redes sociais pelo Executivo, ou por secretários ou por CCs. Temos dois mundos. O mundo das redes sociais e o mundo da população”, ressaltou. Ainda segundo ele, o Poder Público conhece a realidade, mas quer colocar nas redes sociais uma imagem que não a representa. “Não temos os serviços básicos bem atendidos. Me sinto na obrigação, como representante do povo, de ser a voz dele”, enfatizou.

Zanella fala sobre o trânsito no Centro

“É triste ter que voltar à tribuna toda segunda para relatar mais um acidente na Dr. Montaury com a Barão do Rio Branco. Esse último foi às 19h de sábado”, questionou o líder do Progressistas, Anderson Zanella.

Ele prosseguiu: “É inadmissível toda semana ter que cobrar o óbvio, pedir que seja feito o simples com excelência, que é inverter uma rua que não deu certo. Talvez quando a gente perca vidas, quando as pessoas vão parar no hospital, sejam internadas por acidentes ocasionados aí, talvez precise alguém ser atropelado, alguém perder a vida para que possamos ter o discernimento de fazer o que 80 ou mais de 80% da comunidade pede. Não é feio admitir que não deu certo. Peço mais uma vez encarecidamente aqui e vou pedir toda segunda, que se faça a inversão do trânsito nas ruas Dr. Montaury e Dr. Antunes, porque não deu certo. Não vou cansar de pedir enquanto o Governo Municipal não atender e não reconhecer que o que foi feito aí não deu certo. Ouçam a voz das ruas. Não sou eu quem está pedindo”, afirmou.