Mudei quatro vezes o título desta coluna para encontrar a definição certa. Apaguei ANTIGOS AMIGOS, VELHOS AMIGOS, AMIGOS VELHOS e AMIGOS IDOSOS. Optei por SEMPRE AMIGOS pois em qualquer circunstância, amigo é sempre amigo.

Também lembrei daqueles amigos que deixaram de sê-lo, por qualquer circunstância que seja, mas que se dependesse de nós retornariam ao nosso meio. Uns amigos se perderam no tempo, outros na distância e outros no esquecimento. Nenhum desses amigos tornou-se um inimigo e se assim o fosse já o teríamos perdoado.

Li sobre o pregador que aos seus discípulos recomendava a necessidade de perdoar. Ao pedir que todos os que já tivessem perdoado seus inimigos levantassem suas mãos ao céu e foi quase unânime. Uma idosa que sempre sentava na primeira fila não levantou suas mãos. O pregador inquiriu:

– “Minha senhora. Qual a sua idade?”
– “Tenho 97 anos e muito bem vividos.”
– “E a senhora vai perdoar seus inimigos?”

Aquela senhora, com muita firmeza, respondeu com segurança que não precisava perdoar pois não tinha inimigos. O pregador, exultante, incentivou o aplauso de todos e solicitou aquela senhora que viesse até o microfone para explicar como é não ter inimigos. Ela foi até a frente, virou-se para a multidão e deu a resposta:

– “Já morreram todos, aqueles filhos das p….”.

Êta velha de faca na bota, tchê! Quem mandou perguntar…!

Aprendi a nunca perguntar nada desde aquela vez que o Delvino me ensinou a lição sobre não ser curioso. Um dia escrevo o caso.

Mas voltemos ao tema: fui visitar pessoas que sempre foram meus amigos pois no final da missa de sábado encontrei-me com uma paroquiana e pedi sobre seu pai, o Loreno. Vim a saber que estava numa casa de repouso, com o Mal de Alzheimer. Decidi visita-lo.

Já estive no Lar do Ancião e conheci a maravilhosa obra de caridade que fazem com pessoas idosas. Não conhecia as outras seis casas de Bento que abrigam idosos: Aconchego, Luchese, Bella Vitta, Maturitta, Bene Viver e Rosa Colussi.

Encontrei o Loreno muito bem cuidado, descansando num quarto iluminado pelo sol e depois de um papo unilateral, que ele respondia com alguns aparentes acenos de cabeça, passei pelo salão onde os hospedes compartilhavam uma festa de São João. Lá estavam outros três conhecidos e para a Carmen dei recomendações de minha esposa. O Silveira até “lembrou” que eu era parente de um despachante e prontamente concordei.

Minha mão escolheu viver os últimos cinco anos de sua vida na casa de repouso Eliza Tramontina, em Carlos Barbosa onde viveu muito feliz. Eu a visitei no mínimo cem vezes ao ano.
Agora pretendo, sem pressa, analisar as possibilidade para uma penúltima morada. Terei a chance de informar pessoalmente aqueles SEMPRE AMIGOS que então estarei em novo endereço.