Embora haja dificuldade dos motoristas de táxi em prestar serviços a pessoas com algum tipo de deficiência física, ainda não há perspectiva legal de que automóveis acessíveis façam parte da frota de Bento Gonçalves. Os motoristas aguardam a abertura de licitação, que prevê a regulamentação de 20 táxis para o município, sendo dois carros adaptados para pessoas com necessidades especiais. Porém, a concorrência está parada há dois anos e não existe perspectiva de retomada.

O secretário de Mobilidade Urbana do município, Amarildo Lucatelli, argumenta que o processo licitatório está sub judice, ou seja, depende da decisão judicial. Enquanto isso, os taxistas de pontos próximos aos centros de saúde contam que enfrentam dificuldades com o transporte das pessoas que possuem dificuldades de locomoção.

Um condutor, que preferiu não se identificar, do ponto da rua José Mario Mônaco, próximo ao Pronto Socorro do Hospital Tacchini, relata que é necessário abrir o chamado para novos veículos o quanto antes. “Por enquanto se dá um jeito, puxamos o banco para trás e conseguimos, mas é difícil”, lamenta. Ele conta que já passou por situações onde teve de ajudar a carregar pacientes e que tem problemas de saúde, o que o impossibilita de erguer peso.

Sobre a possibilidade de utilizar um táxi acessível, o motorista observa que, pessoalmente, não quer adaptar seu carro, uma vez que a busca entre as pessoas que não têm necessidades especiais seria pequena. “São poucos cadeirantes e quem não precisa vai evitar andar com um carro assim”, expõe. Além disso, afirma que é necessário modelos específicos de veículos para realizar a adaptação. “Conheço uma pessoa que tem um carro adaptado e usa para levar a filha. Precisa de bastante espaço”, comenta.

Para o taxista que trabalha no ponto da rua Saldanha Marinho, no Centro, Rogério de Borba, a abertura de vagas para táxis acessíveis terá bastante interessados. Ele acredita que o fato de os automóveis serem específicos para cadeirantes não vai diminuir o movimento dos demais públicos. “Em Caxias do Sul eles não têm esse problema”, compara.

De Borba relata que já passou por situações difíceis, como transportar pessoas que passaram por cirurgias, que carregam sondas ou que possuem outras dificuldades para embarcar no veículo. “A maioria dos clientes saem do hospital, então é normal que isso aconteça, mas em alguns casos a ambulância deveria fazer o transporte”, afirma.

As mesmas situações também são enfrentadas pelo motorista Ilson Trintinani, que espera pela liberação de veículos acessíveis. “Tem que ser colocado”, observa. O Semanário tentou contato com o Sindicato dos Taxistas e com o Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Comudef), mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.

Dois anos de espera

O processo licitatório para regulamentação dos táxis segue paralisado há pelo menos dois anos. A juiza da 1º Vara Civel da Comarca de Bento Gonçalves, Christine Marques, manteve sua decisão de suspender o documento, com a justificativa de que a Prefeitura não estendeu o prazo e deixou de dar ampla divulgação à concorrência.

A abertura da licitação já foi adiada por pelo menos três vezes em virtude de processos dos concorrentes e erros no edital. Sendo assim, a licitação deve se manter suspensa até segunda ordem da Vara Civel da Comarca de Bento Gonçalves.

 

Projeto de ampliação de calçada incomoda taxistas

Os taxistas da rua Saldanha Marinho, em frente ao Hospital Tacchini, estão incomodados com o projeto da Prefeitura de ampliar a calçada e deslocar o ponto de táxi para a rua Ramiro Barcelos. Eles alegam que a medida vai trazer ainda mais dificuldades de deslocamento para pessoas com necessidades especiais e impossibilitar que os passageiros embarquem pela calçada.

Para o secretário de Mobilidade Urbana, Amarildo Lucatelli, a ampliação da área de pedestres deve melhorar o deslocamento tanto para deficientes físicos como para pedestres. Segundo o taxista Rogério de Borba, a Prefeitura toma decisões arbitrárias, sem consultar a população. “As pessoas precisam caminhar mais até o hospital e vão ter que embarcar pelo lado da rua”, reclama. A Prefeitura informou que não há prazo definido para o projeto ser executado.

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