Na quarta-feira, 15, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu alterar a Selic, taxa básica de juros, de 12,75% para 13,25% ao ano. O aumento foi de 0,5%. Este foi o décimo primeiro acréscimo consecutivo e a tarifa atinge o maior patamar desde dezembro de 2016. No início de agosto, uma nova reunião deve ser realizada com uma nova amplicação no percentual já prevista pelo grupo.

Para economista e professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Mosar Ness, experimentar uma taxa da ordem de 12% resultou em um juro negativo. “Com isso, os investidores estrangeiros e especuladores que trazem o dinheiro para dentro do país viram que o ganho aqui não era compensador e acabaram saindo muito rápido. Isso desequilibrou o nosso câmbio e causou o primeiro vetor de inflação, que foi a aceleração dos preços oriunda da grande aceleração cambial que a gente sentiu, uma desvalorização forte do real”, menciona.

Com o aumento da taxa de juros, a expectativa é a retirada de dinheiro do mercado. “Você coloca títulos do governo para o mercado, enxuga a base monetária, reduzindo assim a quantidade de moedas em circulação. Assim, automaticamente são freados os preços dos bens na economia”, realça.

Por meio da alta na Selic, se espera ter sucesso no controle da inflação e que os números comessem a recuar. O profissional destaca também que se não fosse a guerra, as taxas já seriam menores nos próximos meses, com acúmulo inflacionário de cerca de 6%. “Agora é possível que a gente tenha um percentual da ordem de até 10% acumulado, o que é muito. Mas o objetivo, nesse momento, não é mais salvar a inflação em 2022, e sim não deixar que ela transborde para o ano que vem. A gente quer que em 2023 o ano já comece com a perspectiva de uma inflação próxima ao centro da meta do Banco Central, que é da ordem de 3,5%”, sustenta.

Em síntese, o objetivo da política econômica é a estabilidade de preços e o crescimento econômico. O economista diz que aumento da Selic não é benéfico para ninguém, porque vai contra as diretrizes de crescimento. “A taxa de juros de 13,25% é o remédio amargo, mas necessário para o controle da inflação”, conclui Ness.

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