O mês de janeiro chega ao fim e raramente nestes últimos anos se terá visto um prenúncio de ano difícil como 2015 promete ser. Da crise hídrica na região sudeste à sangria desenfreada nos cofres da maior estatal do país, tudo diz respeito ao cidadão brasileiro. Como se verá em matéria nas páginas oito e nove desta edição, se não chove na Cantareira ou nas nascentes que enchem as barragens de Minas Gerais, vai faltar abastecimento de energia elétrica no Rio Grande do Sul e na Paraíba, e todos serão chamados a pagar a diferença do custo em relação ao que for gerado em usinas termelétricas.

O país está alicerçado fortemente sobre a geração de energia hídrica e houve nítido descompasso entre a oferta e a demanda. Os responsáveis pelo planejamento da matriz energética também parece não terem contado com uma seca tão prolongada. Em outros tempos estiagem semelhante deve ter ocorrido, mas o consumo era muito menor. Apenas de uma década para cá é que se começou a investir na fonte eólica com cataventos brotando e alterando paisagens litorâneas ou em coxilhas.

Há muitas décadas se fala no desperdício de dinheiro público e o brasileiro tem entre seus hábitos favoritos condenar governantes e protestar frente aos desvios de recursos públicos que sustentam mordomias a políticos e empreiteiros. Está certo, denunciar a falta de zelo para com o erário público é natural e um direito cívico. Mas esta preocupação deveria estar acompanhada da prática no quintal de cada casa, no banho do final da tarde, no simples ato de escovar os dentes, quando a maioria das pessoas utiliza a água como se ela fosse um recurso infinito e gratuito. Nenhuma das duas hipóteses é real. Água é sim essencial à vida e ainda supre nossos lares como a fonte de energia mais barata e segura.

A região nordeste do estado não tem sido impactada pela seca, ainda assim sentiu o impacto do apagão nacional em meados de janeiro. Então, é sempre importante que se alerte para a educação ambiental.
Bento Gonçalves há poucos anos teve o anúncio do tratamento de seu esgoto. Obra que anda a passo de tartaruga, notadamente uma consequência da realidade indigente do Estado. Aliás, uma metáfora cabível aqui: a torneira do caixa única do Estado ficou aberta e jorrando dinheiro sem controle que agora secou. Como já se disse, a banca paga, mas a banca também cobra e sem piedade.