Pança, pneuzinho, pochete, barriga de cerveja – os nomes variam, mas seu significado é o mesmo: gordura abdominal.
Muita gente tenta se livrar dela por motivos estéticos, mas o problema não é exatamente esse. O acúmulo na região do abdômen de gordura mais superficial, conhecida como subcutânea, e a chamada visceral, que fica entre os órgãos, como fígado, pâncreas e intestinos, pode ser um risco à saúde.

A gordura visceral é mais ativa metabolicamente do que a subcutânea, indicam pesquisas, e a que mais varia no corpo. Se você ganha peso, é esse tipo de gordura que se acumula primeiro. Se você perde, é a primeira a diminuir.
Essa é uma boa notícia, porque, apesar da gordura visceral ser mais perigosa, é mais fácil se livrar dela do que da subcutânea. A questão é como fazer isso.

A equipe do programa Trust Me I’m A Doctor (“Confie em Mim, Sou Médico”), da BBC, fez alguns testes para verificar o que é verdade e mito nessas dicas encontradas na internet.

O teste

Foram recrutados 35 voluntários e dois especialistas em dieta e exercícios. Todos os participantes tinham um acúmulo de gordura na região abdominal e uma circunferência de cintura que os colocava em grupos de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.

Os dois especialistas criaram cada um dois métodos para serem testados com quatro grupos. Antes do experimento, os voluntários tiveram sua saúde checada. Um dos testes mais importantes foi um DEXA scan, um tipo especial de raio-x que permite saber em detalhes a quantidade de gordura presente no corpo e como ela está distribuída.

Acúmulo de gordura põe saúde em risco

Foram verificados também a frequência de batimentos cardíacos, o índice de açúcar no sangue, o peso, a pressão arterial e, claro, as medidas da região da cintura.

Thompson indicou para dois grupos dois tipos de exercícios diferentes, enquanto Karpe elaborou duas dietas para os outros dois grupos.

Os integrantes de um dos grupos de Thompson usaram aparelhos para monitorar seu grau de atividade diário – foi dito a eles para comerem normalmente. Também receberam conselhos para fazer mudanças simples em seu dia a dia, para torná-lo mais ativo.

O segundo grupo de Thompson seguiu um método clássico indicado por sites de saúde: abdominais. Cada voluntário realizou duas sessões de seis séries, intervalando um dia de exercícios com um de descanso, ao longo de seis semanas.

Monitorado por Karpe, o terceiro grupo recebeu como missão seguir outra dica bastante popular na internet para reduzir a gordura abdominal: beber até um litro de leite por dia.

Foi dito ao quarto grupo para não mudar o tipo de comida ingerida, mas simplesmente reduzir o tamanho das porções, usando os dedos e os punhos como medidores.

O objetivo era que a dieta fosse a mais fácil de seguir possível – se uma pessoa precisa ter um plano alimentar completamente diferente da família, pode ser algo difícil de ser seguido, além de representar um custo extra.

Ao final do período, os participantes dos quatro grupos foram examinados novamente, com resultados reveladores.
O primeiro grupo, que comeu normalmente e fez mudanças para ser mais ativo, não perdeu gordura, mas seus índices de saúde melhoraram bastante, com queda na pressão arterial – o nível de açúcar no sangue de um participante foi reduzido de um patamar considerado diabético para um normal.

O grupo que fez abdominais não perdeu peso nem ficou mais saudável, mas perdeu impressionantes 2 cm de cintura. Thompson explicou que isso foi consequência de um fortalecimento dos músculos do abdômen, que conseguiram sustentar melhor a gordura.

Quem bebeu leite não teve qualquer alteração de peso ou saúde.

O vencedor do teste foi o grupo que fez dieta. Juntos, seus integrantes perderam 35 kg, cerca de 3,7 kg cada um ao longo das seis semanas. Suas cinturas foram reduzidas, em média, em 5 cm.

Os exames ainda mostraram que eles tiveram a maior perda de gordura corporal, de 5% no corpo como um todo e impressionantes 14% da gordura visceral acumulada no abdômen.

Portanto, a conclusão é que, se você quiser se livrar da gordura abdominal de uma forma eficaz e saudável, o bom e velho conselho de combinar exercícios com dieta ainda é o melhor. E não se deixe levar por modismos.