Poá com listras, prata com dourado, couro e renda. Na moda estamos mais democráticos, e amém por isso, não é? Estamos na época em que vale tudo, a calça “boca de sino” graças a Deus, mas agora como calça flare, ou flare para outras aberturas, como mangas flare. As camisas femininas, o sapato bico fino, redondo ou quadrado. Vale tudo.

E essa democracia anda servindo para muitas coisas. E porque isso é bom? Do hippie ao capitalismo (não é uma linha do tempo), passamos por muitas fases. Em cada uma delas devíamos pertencer ao grande grupo. Éramos obrigados, afinal, levados pela massificação da moda, da cultura, dos produtos e programas ofertados pela mídia para consumo e conteúdo. O que move a tendência se não a oferta?

Com o tempo, foi sendo entendido que era a demanda que comandava a “porra toda”. A população foi aumentando e foi necessário estudar mais as pessoas e o que elas queriam, porque o que elas precisavam já estava aí, à disposição. Essa democracia fez com que as pessoas procurassem as opções que mais atendiam às suas necessidades.

Mas não é exatamente de mercado e design estratégico que quero falar, apesar de ter me estendido um pouco nessa introdução. Apesar de estarmos longe de sermos evoluídos o suficiente para não julgar o próximo pelas suas escolhas, vejo que estamos caminhando cada vez mais na busca pelo preenchimento físico, emocional e espiritual.
Estamos rodeados de pessoas de todas as cores, credo, hobbies. Buscamos fazer mais aquilo que nos preenche e nos faz bem. Seja uma religião diferente, um esporte que não esteja na moda, uma roupa que não está nas passarelas.

Estamos mais benevolentes e aos poucos entendendo que enquanto não estamos ferindo ou fazendo mal ao outro, tudo o que nos faz bem, está valendo.

Trabalhamos cada vez mais e a busca desenfreada pela sobrevivência talvez tenha atinado para um lado mais humano, um lado que precisa ser regado e sentido. Seja o primeiro passo mudando a si mesmo, para que possamos nos conhecer melhor e entender melhor o que estamos fazendo aqui e porque, ao mesmo tempo que precisamos emanar o bem a quem está ao nosso redor.

É óbvio que ainda existe muito preconceito com muitas práticas, se você faz musculação é porque quer ficar “bombado”, se você usa terapias alternativas não crê na ciência, se você usa calça boyfriend não é feminina. “Não corte o cabelo, comprido fica mais sexy”, “Não cresça muito, mulher não pode ficar muito musculosa”, “Você vai comer tudo? Vai engordar”, “Não fique com fulano, ele não é para você”, “Não frequente aquele lugar”…Mas se faz bem para você e não faz mal para o outro, porque você deveria dar ouvidos? Pense bem, pois é você que convive com todos os seus medos e sonhos, dia e noite, ninguém mais.

Quando tudo está bem por dentro, o resto do mundo melhora. Sem enfiar goela abaixo nenhuma filosofia, visto que a regra é clara: o que você escolhe viver deve fazer bem primeiro para você e é bem possível que a mesma coisa não fará bem para o outro. Por isso sigo vivendo e acreditando cada vez mais que tudo o que faz sentir, faz sentido. Viva, floresça, use vestido, calça colorida, estude, alimente o espírito, experimente. Pois sei que não amamos o que não conhecemos.