Em época de eleição, seja ela para prefeito, governador ou presidente, ouvimos o discurso de que as prioridades dos candidatos são saúde, educação e segurança. Porém, entra ano e sai ano vemos que a realidade não é tão prioritária assim. O Governo Federal investe no Sistema Único de Saúde muito menos do que deveria. Prova disso é que aquela tabela cobre apenas 60% dos custos. Os 40% restantes têm de ser cobertos pelos hospitais privados – Santas Casas e hospitais filantrópicos – que prestam serviços ao SUS. Isso também não deixa de ser uma forma de privatização perversa do SUS.

Afinal, embora o governo não se canse de exaltar o atendimento universal prestado pelo SUS, são entidades privadas que pagam 40% de suas despesas. Recorde-se que elas respondem por 45% das internações do SUS e por 34% dos leitos hospitalares do País. O Hospital Tacchini, por exemplo, vem sendo mantido com recursos da Prefeitura de Bento Gonçalves, que vem tapando o furo deixado pelos governos Estadual e Federal.

Como, evidentemente, essa conta não fecha, as Santas Casas e os hospitais filantrópicos acumulam dívidas enormes. Somente no Rio Grande do Sul, a dívida do governo gaúcho com os hospitais ultrapassa R$ 1,2 bilhão. Também nesse caso, está se tentando apenas remediar em vez de atacar a causa do problema.

Pelo investimento necessário para manter os atendimentos no hospital, a construção de cinco novas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) está emperrada. Além disso, a Unidade de Pronto Atendimento III (UPA) deixa de ser aberta neste mês, com a promessa de iniciar os atendimentos em junho. E, mesmo assim, não fará o trabalho de suprir as necessidades da região, funcionando apenas como um PA 24 Horas.

Esta é a realidade da nossa saúde que, apesar dos pesares, ainda é de boa qualidade em Bento Gonçalves, se comparada com centenas de municípios gaúchos. Se está ruim para nós, bento-gonçalvenses, imagine para os moradores de outras cidades.