Foi na Igreja Santo Antônio que em 1957, com apenas oito anos, fiz minha primeira comunhão. De minha confissão ao Padre Mascarelo, vigário da paróquia, e da sabatina de perguntas sobre religião, ainda sinto os sintomas da dor de barriga. Foi tudo divino, maravilhoso, mesmo eu tendo quebrado a vela, toda enfeitada, e esbugalhado o maço de lírios brancos. Coisas de criança.

Nos últimos dias acompanhei a primeira comunhão de um menino de onze anos, bem mais maduro do que um quando de mesma idade na época de minha infância, e os fatos foram maravilhosos, dignos de registro.

Para a confissão o garoto fez uma listinha. O padre se encantou e guardou a colinha como recordação. Em troca presenteou o menino com um escapulário que o garoto apresentou para os seus pais como sendo um “escandelabro”.

Aproveitou para perguntar aos pais o que era mesmo o pecado da gula. Explicaram sobre o exagero da comida e o menino quis saber se era pecado ir na sorveteria do shopping Bento comer um sorvete todos os dias. Santa inocência!

O garoto ficou muito feliz pois o garoto sentiu uma grande diferença de antes e o depois de sua confissão: a gatinha passou a subir de forma espontânea no seu colo e ronronar de satisfação. Até os animais reconhecem uma alma pura.

No mesmo dia da famosa confissão, já noitinha, o garoto informou aos pais que achava já ter cometido mais uns três pecados e o que deveria fazer. Complementaram as lições das catequistas e tudo ficou resolvido.

Este pequeno acontecimento, verídico é claro, nos faz pensar que muitas pessoas, adultos e donos de si, desconhecem a diferença entre o bem e o mal. Deveriam voltar aos tempos da infância e procurar o momento em que se dissociaram dos deveres, da moral, das suas responsabilidades e, assim, procurar reatar o passado com o presente. Certamente o mundo seria melhor.

A falta de escrúpulos de administradores do bem comum, políticos de carteirinha incluídos nesse grupo de adolescência mal vivida, deveriam recordar do ato da confissão.

Perderam-se nos caminhos do mal e se colocam no pedestal dos santos, louvados como tal por seus currais de eleitores, como se fossem se eternizar para a história. Deveriam ser mais uma vez alertados de que o diabo faz a sopa mas não tampa a panela.

São muitas as religiões e todas ensinam o bem. O mal também existe e até Jesus foi tentado. Fomos criados com o livre arbítrio e cada um escolhe sua forma de praticar a vida.

Acreditemos que a força do bem é maior, como nos filmes de Guerra nas Estrelas.

Aqui em Bento Gonçalves ainda frequento os bancos da igreja onde fiz minha primeira confissão. Moldei minha vida dentro dos princípios e leis que aprendi e tenho pena daqueles meus colegas de infância que passaram batido. Uma pena!

Deus tá vendo!