Certo dia um motorista de carreta aventura-se aqui pelas bandas do sul. Digo aventura-se porque tiro o chapéu para quem vive na estrada. O motorista foi até um posto de gasolina para abastecer, trocar o óleo e pedir algumas informações. Foi difícil conseguir um atendimento, até que chegou um homem de meia idade, vestido singelamente e com um bom carro. Este homem foi mais do que cortês, foi como se os dois se conhecessem há muito tempo.

Imaginou que ele trabalhava naquele posto, ou era um amigo, sócio, não se sabia até então. Já se ouve por aí: “diz-me como tratas o garçom que eu te direi quem tu és”. A cena descrita acima é um gancho para falar sobre como o mundo anda chato e às avessas. Na verdade não o mundo, mas as pessoas.

Você é um mero consumidor como eu? É só você ir para a padaria para ver quantas pessoas te julgam sem saber quem você é, ou o que você tem. Acho que se o jeito com que se está vestido fizesse o caráter ou a conta bancária de alguém, poderia ser criado um manual de etiqueta para consumidores, e não sei como alguém nunca pensou nisso.

Sou uma pessoa simples, não faço make para ir ao mercado. Saio de chinelo sim, já fui na lotérica de pantufa! Não me importei com o que os outros iam pensar. E sabe, eu nem liguei se me olharam estranho, estava mais preocupada com o que eu tinha para fazer. Mas quantas pessoas fazem isso? Tenho certeza de que eu não fiquei mais pobre, muito menos ignorante. Mas tenho certeza de que alguém me julgou assim.

Aquele homem no posto de gasolina, era, simplesmente, o dono do local e de uma rede com mais de 50 postos espalhados pelo Brasil. Quantas pessoas você conhece que possuem mais bens do que sua vestimenta e sua educação pode demonstrar? Sim, porque educação virou acessório que uma classe mais alta não usa com pessoas que têm menos do que elas.

E tem um outro jeito de pessoa, aquela pessoa que aparenta ser o dono da loja, do restaurante d eluxo ou do escambau.

Não acredito que para ser da classe alta precise ser mal educado, tratar os outros com superioridade e julgar pela aparência. Não entrei m nessa fila ainda, por isso não pude ler as cláusulas, e tal. Mas há pessoas que vivem achando ser necessário se mostrar superior por ter conquistado bens, dinheiro. Porquê? As coisas materiais vêm e vão, cadê as sandálias da humildade? Quantas vezes já passei pela situação de precisar comprar algo e a vendedora me falar: tenho esse, mas esse é caro. Oi? Uma coisa por vez, querida. Perguntei se você tinha. Depois eu pergunto o preço.

Depois eu deixo uma gorjeta para você. mesmo que seja com o dinheiro da conta da luz.

É uma velha história que todos falam mas poucos praticam. Dinheiro não muda o seu cheiro quando você morre e não faz com que você seja uma pessoa melhor durante a vida. O problema é achar que só você pode. Em mentes quadradas não circulam novas ideias, um dia o jogo vira.