Segundo psicóloga, uniões abusiva são marcadas por ameaças, humilhação, intimidação, ciúmes, controle e manipulação
Na terça-feira, 12, foi comemorado o Dia dos Namorados. A data celebra o sentimento que une duas pessoas, o amor. Se para muitos o relacionamento se trata de um “conto de fadas” regado à cordialidade e brincadeiras, há quem reclame, sofra e enfrente crises diárias devido às pressões sofridas na união. O nome disto é relacionamento abusivo.
Em 2017, nesta data, o governo federal, por meio da Secretaria de Politica Para as Mulheres, lançou a campanha #NãoéAmorQuando. A ação foi divulgada nas redes sociais e buscava chamar a atenção para gestos e comportamentos que indicassem violência ou desrespeito na relação.
Embora seja mais registrado por mulheres heterossexuais, o relacionamento abusivo não tem sexo e, de acordo especialista, pode acontecer entre mulheres e homens e casais homo afetivos. No ano passado, a Secretaria de Políticas de Proteção às mulheres registrou mais de um milhão de atendimentos. Do total, cerca de um terço dos casos se tratava-se da violência psicológica.
O Semanário conversou com a psicóloga Vanessa Osmarin para buscar esclarecimentos sobre o tema. Ela explica que relacionamentos abusivos são aqueles em que um dos envolvidos tem comportamentos que buscam controlar e subjugar a outra pessoa. Isso ocorre através de ameaças, humilhação, intimidação, controle, ciúmes possessivos, manipulação e na busca por provocar no outro sentimentos de medo e culpa.
Vanessa comenta que é difícil identificar o abuso em razão dos comportamentos aparecerem de forma sutil, como em casos de críticas constantes, desaprovação frequente e desqualificação. “Para existir um relacionamento abusivo sempre há um indivíduo que se subjuga e é dominado e um que é dominador. Geralmente o indivíduo abusado é alguém com baixa autoestima, que tem medo de reprovação social, falta de confiança em si mesmo e não reconhece seu potencial”, analisa a especialista.
Ela ainda complementa que o indivíduo controlador é manipulador e atribui à dominação condição de poder e bem-estar social. “Só existe um dominador porque alguém “permitiu” ser dominado. Dessa forma, permanecem neste ciclo de forma doentia. Essa dependência que um sente pelo outro pode ser entendida como amor, quando na verdade é o oposto. Quando amamos queremos que o outro seja feliz, respeitamos suas opiniões, suas escolhas e não querermos ter poder sobre ele”, observa Vanessa.
Perceber se está em um relacionamento abusivo não é uma tarefa simples. A psicóloga relata que toda união sofre nuances, mas existe um ponto que pode indicar um desajuste maior do que o esperado. “É preciso estar atento aos sinais de excesso de controle, como, ciúmes, violência, agressividade e possessividade. Em consequência disso, a pessoa pode começar a se sentir inferior, feia, incapaz e dependente. Nestes casos, é preciso aprender a proteger-se do abuso e refletir sobre os motivos que a mantém na relação e se realmente vale a pena permanecer nela”, disse.
Caso a pessoa queira seguir no relacionamento, mas de forma sadia, a especialista orienta que haja diálogo entre as partes estabelecendo regras e consequências firmes e claras. “O abusador só tem força quando o outro se submete e não questiona. Quando a pessoa percebe que está em uma união sofrendo, é importante buscar atendimento especializado psicológico e até jurídico (em determinados casos)”, destaca Vanessa.
A especialista também ressalta sobre os problemas desenvolvidos em uma pessoa que sobre este abuso. “Pode apresentar distúrbios de sono, alimentares, hábitos obsessivo-compulsivos, depressão, ansiedade, pode passar a consumir drogas e álcool em excesso, se machucar ou ter pensamentos suicidas”, enfatiza.
Para tratar deste ruído amorosos, a psicoterapia reforça o diálogo entre o casal como um antídoto. “É importante que haja um diálogo sobre como eles estão se sentindo a respeito e o que pode ser feito para mudar a situação, respeitando, sempre, a opinião de ambos”, finaliza Vanessa.