Mesmo com o frio intenso e a geada que castigou a região ao longo da semana, os agricultores ainda não têm motivos concretos para se preocuparem com quebras de safra. O pêssego, cultura mais suscetível às intempéries climáticas neste período, ainda está em um estado de maturação que não representa grandes riscos.
Segundo informações da Emater, as variedades de ciclo médio e precoces podem sofrer danos, uma vez que a gema da fruta está cheia de água e, por isso, pode romper e queimar. Por outro lado, as de ciclo tardio se mantêm seguras devido ao estado de maturação, apesar de a flor estar sujeita a risco.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater em Bento Gonçalves, Alexandre de Oliveira Frozza, é necessário esperar de sete a dez dias para mensurar se a geada, de fato, ocasionou perdas à safra. “Por enquanto é difícil prever, mas pelo que vi, a parte interna não apresentava problemas”, observa.

Ele explica ainda que a variedade mais suscetível a complicações é a chimarrita, pelo fato de a gema estar inchada e sofrer com o rompimento das células. “Tem duas situações: os de ciclo tardio e os avançados. A flor nos superprecoces pode sofrer dano, mas ela é menos suscetível a isso do que no período avançado, com a gema inchada”, explana.

Frio pode ajudar videira

O engenheiro agrônomo ainda afirma que a uva não deve ser afetada pela geada, uma vez que as plantas estão em estágio de dormência. Frozza alerta que em algumas regiões às margens do Rio das Antas podem ter tido danos. “São variedades muito precoces”, comenta.

As demais culturas de inverno, como o caqui e o kiwi, também não sofrem com riscos. “A plantação do caqui é mais tarde e, o kiwi, a colheita acabou a um mês atrás”, observa.

Salvo por pouco

O produtor de pêssegos Vagner Sachett, de Pinto Bandeira, conta que a geada não causou preocupações. Pelo menos não por enquanto. “O problema é se tiver uma geada forte como essa daqui há 20 dias”, prevê.

Ele relata que no caso da sua produção, a gema está começando a ficar inchada. “Concentra água dentro e com essa geada forte pode queimar a gema”, explica. Na perspectiva de Sachett, se a flor já tivesse brotado, o dano seria menor.

Mas como o agricultor ainda não fez o raleio das plantas, as interpéries climáticas podem ajudar a fazer a seleção de quais frutos devem ficar e quais devem ser derrubados. “Não são todas que estão em estágio de brotação, ainda. Então, se tivesse ocorrido alguma perda, seria retirada no raleio”, salienta. O raleio é a retirada do excesso de frutas das plantas, com o objetivo de deixar as restantes mais vivas. e eliminar as indesejadas
Apesar dos riscos pequenos de quebra de safra, Sachett relata que não existe seguro para cobrir perdas com geada. “Para as despesas da safra, nós fazemos é o custeio do banco e o seguro particular”, explica.

Na última safra

Em 2016 a safra de pêssego teve recorde em relação aos outros anos, ultrapassando 20 toneladas por hectare em Pinto Bandeira, segundo estimativas da Emater de Bento Gonçalves. Agricultores calcularam um crescimento de até 140% da safra, em quantidade, em relação a 2015.

À época, o preço da fruta caiu consideravelmente, o que preocupou os produtores, sendo que alguns chegaram a estimar uma queda no preço de 70%. Por isso, os produtores não tiveram dificuldades de colocar o produto no mercado.

O resultado positivo da safra anterior, em qualidade e quantidade, se deve principalmente ao clima que contribuiu para a formação dos pessegueiros. Além disso, técnicos da Emater observaram que as plantas se mantiveram vigorosas desde 2015.