A notícia da morte trágica do ex-prefeito Roberto Lunelli no sábado último foi de um efeito devastador no seio da comunidade. Lunelli, que perdeu a última eleição por pouco mais de 380 votos, tinha, sim, muitos admiradores e seguidores. Sua disposição em colocar seu nome para a avaliação dos eleitores no pleito de outubro próximo, denotou sua vontade férrea de concluir o trabalho iniciado na sua anterior gestão. Condenações? Nenhuma transitada em julgado. Os prefeitos e ex-prefeitos apontados pelo Tribunal de Contas do Estado foram a ainda são muitos, inclusive aqui, de Bento Gonçalves. Mas, nada havia que pudesse impedir sua candidatura, pelo que se saiba.

Roberto Lunelli II
Quem acompanhou minhas colunas ao longo desses trinta e oito anos em que ela é publicada no Jornal Semanário – iniciei no dia 19 de agosto de 1978 -, deve lembrar quantas vezes afirmei – e desafiei para ser contestado por que quisesse fazê-lo, o que não aconteceu – que Bento Gonçalves, desde 1890, nunca teve um prefeito que tirasse a bunda da cadeira, fizesse projetos e fosse para o governo central para buscar dinheiro para que o município pudesse fazer algo mais que o trivial, que o básico, em termos de obras. Pois Roberto Lunelli fez isso. Muitos projetos foram feitos e muitas verbas foram destinadas pelo Governo Federal para Bento Gonçalves, na administração Lunelli. A pergunta que faço é pertinente: quais obras de infraestrutura foram feitas em Bento antes disso? Aguardamos – eu a população – resposta concreta.

Roberto Lunelli III
Não há, pois, como negar os méritos de Lunelli como administrador público. Seu grande projeto era o Hospital Público do Trabalhador. Não conseguiu concluí-lo. Certamente, seu grande argumento da campanha deste ano seria o Hospital. Mas, agora, diante da tragédia que o vitimou, resta, a toda a população, esperar que esse sonho não tenha morrido com ele. Roberto Lunelli marcou, sim, de forma indelével sua presença como prefeito de Bento Gonçalves. As denúncias de que foi alvo não tiveram seus processos concluídos. Serão concluídos agora? Todos esperam que sim, para que tenhamos a decisão definitiva de “culpado” ou “inocente”. Tudo o mais que for dito o será por mera politicagem político-partidária.

Um novo cenário
Indubitavelmente, o passamento de Lunelli acarretou o surgimento de um novo cenário para as eleições de outubro próximo. Tínhamos ele, Guilherme Pasin, César Gabardo e Evandro Speranza. Agora, com confirmação da candidatura de Neilene Lunelli, irmã de Roberto, certamente os discursos deverão ser modificados. A curiosidade será a de “quem atacará quem e por quê”. Sim, porque nas últimas décadas, os ataques pessoais e partidários eram a tônica. Os eleitores – pelo menos aqueles que, imagino, tenham consciência e sejam despidos de fanatismos partidários petistas ou antipetistas (insisto que, atualmente, existem somente dois partidos no Brasil, o PT e o ANTIPT) – querem saber QUAIS são as propostas de governo – FACTÍVEIS, é claro – dos candidatos. Teremos uma eleição sem precedentes, não tenho dúvidas.

Ferrovias
Esta caiu sobre a cabeça dos “privatadores” como um saco de “qualquer coisa”. Flagraram milhares de quilômetros de ferrovias abandonadas. Pois é, os “compradores” (por assim dizer) das malhas ferroviárias, utilizaram aquelas que lhes dariam fartos lucros e abandonaram as restantes, agora sucateadas. Aqui, em Bento, temos um exemplo cruzando toda a cidade, chegando à Esplanada, no Rio das Antas. Quem ainda não entendeu que a “Privataria” foi uma ação entre amigos, é chegada a hora de pesquisar e constatar o que de bom ela trouxe. Na telefonia, por exemplo, trouxe os maiores alvos das reclamações dos consumidores e os mais altos preços do mundo por esse precaríssimo serviço. Rever conceitos é salutar!